domingo, 2 de fevereiro de 2014

02 de Fevereiro

De passagem por Salvador, tive a oportunidade de conferir os festejos de Iemanjá, no bairro do Rio Vermelho, que motivam uma grande multidão de pessoas a realizarem as suas oferendas nas águas revoltas do local.
A festa é bem popular e reúne uma legião muito grande de devotos do candomblé, onde cada terreiro e seus representantes firmam espaços para saudar a divindade mais famosa da cidade. As águas ficam cheias de pessoas, flores e o cheiro de alfazema é constante em todos os espaços, sendo quase inevitável ficar sem receber um pouco das suas gotas, que são jogadas a exaustão nas areias e nas pessoas que passam por ali.
No local existe a Casa de Iemanjá, colônia de pescadores, onde funciona o mercado do peixe e também onde foi erguido um altar em homenagem ao orixá das águas salgadas. A fila para deixar o seu presente é enorme, mas as pessoas parecem não reclamar do tempo de espera e também do clima quente que fazia no dia da festa. Ao final da tarde, todas as ofertas serão levadas para o alto mar pelos pescadores, sendo este o ponto alto da festa.
Nas areias, a movimentação é enorme e podemos encontrar de tudo, uma vez que o comércio de utensílios que serão utilizados para agradar Iemanjá é bem variado e com preços diversificados também.
É comum os preços ficarem mais caros nestas festas e para quem deseja levar uma oferenda, é bem melhor já trazer de casa, evitando as explorações que só comprometem a festa e nos fazem perceber que a saudação ao orixá é vista por muitos como uma forma de ganhar dinheiro fácil e chamando os outros de idiotas, uma vez que os "assaltos" velados são mais constantes do que possamos imaginar.
Achei a festa desorganizada e percebi muito lixo jogado ao mar, pois as pessoas terminavam fazendo uma oferenda da sua falta de educação e jogando também os restos dos alimentos e quentinhas que levaram para a praia. O trânsito na área ficou caótico e como se não bastasse, a ação dos guardadores de carro era constante e caríssima. 
Os terreiros aproveitaram o momento para realizar a iniciação de alguns integrantes e os rituais nas areias se proliferavam de forma grandiosa, onde cada espaço tinha um batuque e uma crença diferenciada, pois nem todos saudavam Iemanjá, fazendo com que a reunião de orixás fosse bem presente.
No final, a sujeira era tremenda, seja pelas oferendas jogadas ao mar, seja pela falta de educação das pessoas que faziam do evento uma forma de deixar a cidade ainda mais suja e descuidada. Apesar de todos os esforços da Prefeitura, a cidade de Salvador ainda está muito suja e precisando de reparos urgentes em muitos locais, especialmente nas áreas mais antigas que são as mais visitadas.
A Festa de Iemanjá é bem interessante e mostra um pouco da mistura de crenças que o Brasil tem, onde a negritude vinda da África contribuiu para que a nossa religião sofresse tantas interferências e gerasse festas tão particulares.
Fiz um registro fotográfico bem interessante e pude perceber que a mistura brasileira está bem presente em tudo, inclusive na religião.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segue o Caminho do Boi da Macuca

O São João do Boi da Macuca, na cidade de Correntes, Pernambuco, acontece anualmente e reúne grande quantidade de pessoas que buscam nos fes...