sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Os Peitinhos da Karina Buhr

Ontem fui numa livraria aqui do Recife e me assustei quando vi a capa do novo CD da Karina Buhr com adesivos colados nos seus seios, os quais não são nenhuma afronta ao público em geral, pois estão de acordo com a temática do seu excelente álbum, que retrata uma mulher "Selvática", que vem de selvagem, bruto, natural.
Fiquei espantado com a censura, pois o local é frequentado por pessoas descoladas e que facilmente iriam assimilar a mensagem de uma forma diferenciada e não pornográfica. Parece que a sociedade vai ficando cada dia mais complicada, perdendo as conquistas que já teve ao longo dos tempos, criando uma hipocrisia sem valor algum e totalmente desnecessária. Se a Karina Buhr afronta a sociedade com a sua capa, o que irei pensar das brutalidades que sofremos diariamente com tantas outras coisas que são mostradas abertamente na TV e jornais?
Não sou uma pessoa pervertida e me acho até muito careta em alguns aspectos, mas tenho plena consciência dos valores que carrego e sei perceber quando algo é agressivo ou não. Quando vi a capa pela primeira vez no Facebook eu logo compartilhei e pensei: "Que coisa linda, como ela está perfeita nessa foto. União do tema à fotografia". Alguns dias depois via a polêmica da censura nas redes sociais e a indignação da própria artista ao comparar a sua capa com outra do passado, quando a modelo Isadora Ribeiro mostrava muito mais. 
Quem não lembra da abertura do Fantástico naquela época? Mulheres nuas em pleno horário familiar!! E ainda por cima o programa era bem mais cedo do que é apresentado hoje. Eu nasci na década de 70 e lembro como as roupas e pessoas eram ousadas naquela época e mostravam um tipo de arte que não chocava ninguém, pois a maldade talvez fosse um embrião e não o dragão de hoje, que cospe fogo e queima todas as conquistas já realizadas.
Na casa da minha tia existia um quadro enorme da Brigitte Bardot em trajes sumários e mostrando os seios. Era a decoração da sala de estar dela e ninguém se tornou um tarado por causa disso. A modelo era a sensação da época e todas queriam imitá-la. Na casa da minha avó, um quadro que enfeitava a sala de jantar era o de uma sereia desnuda e com os belos seios à mostra. Fazíamos nossas refeições neste ambiente e nunca ouvi de ninguém da família um comentário pornográfico sobre a entidade e nem a minha avó era chamada de macumbeira por causa disso.
Os tempos mudaram e agora temos vergonha da nossa cara, da nossa crença, da nossa arte. Deixamos tudo com um aspecto pornográfico e pervertido quando na verdade o que não presta é a nossa mente suja e que deixa de se preocupar com o que realmente importa para perder tempo com besteiras.
Bem que os adesivos colados na capa do CD da Karina Buhr poderiam ter sido usados de uma forma mais produtiva e inteligente, ornamentando a embalagem de presente, e não como um bloqueio de algo tão belo e que representa muito a nossa arte e música. A livraria criou ainda mais curiosidade sobre o trabalho e espero que isso reflita nas vendas do CD, que merece ter muitas cópias distribuídas por aí. 
Envergonhado com o que vi, infelizmente...
Como disse a própria Karina Buhr na música Pic Nic: "Chama o Psicólogo... Chama o Psicólogo..."

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