quinta-feira, 13 de junho de 2013

As Confrarias

A Companhia Teatro de Seraphim volta novamente com um grande espetáculo e que fala de temas marcantes da sociedade, mostrando que ela pode ser mais atual do que nunca, já que dinheiro, status e articulações nunca saem de moda. 
A riqueza dos diálogos, do figurino e das brilhantes interpretações fazem da apresentação um grande deleite a todos que prestam atenção ao enredo que conta a luta de uma mãe para tentar enterrar o seu filho, buscando com isso auxílio em diversas confrarias, recebendo de todas elas portas fechadas e muitas perguntas que remetem ao merecimento, já que não acham os lugares apropriados para enterrarem uma pessoa com ele, sem status, sem dinheiro, sem influência, supostamente mestiço, envolvido amorosamente com uma mulata e ator. Uma reunião de adversidades para a época.
O ponto forte da peça de teatro é a forma como as cenas vão se apresentando, fazendo com que ao mesmo tempo tenhamos a visão da mãe e do filho, no passado e no presente, sem que isso se torne uma grande agonia para as nossas mentes. É fácil compreender, mesmo com a imensa carga dramática que o texto carrega e o tema que fala de tristeza e morte.
As cenas de nudez fazem contraponto com o figurino rico das personagens e mostra que podem ser usadas de uma forma adequada e sem causar nenhuma surpresa do público que entende bem o contexto e interage bem em cada nova cena mostrada.
O Teatro Barreto Júnior é o palco escolhido pela Companhia e a peça estará em cartaz até 30 de junho, sempre de quinta a domingo, às 20h, a preços bem populares e acessíveis ao grande público que muitas vezes não vai ao teatro com a desculpa do valor que é cobrado.
O texto é de Jorge Andrade e a encenação de Antônio Cadengue, competente neste ofício e capaz de nos surpreender sempre com suas montagens bem elaboradas e ricas de detalhes.
Gostei muito do espetáculo e me fez relembrar a primeira apresentação que vi do grupo lá em Garanhuns, nos primeiros anos do Festival de Inverno, percebendo como eram competentes e cheios de técnica para nos mostrar, pois nenhuma das montagens que realizam ficam a desejar em matéria de texto, cenários e figurino. Seja com mais ou menos recursos cênicos, eles conseguem mostrar um resultado espetacular e que encanta a todos os públicos.
Realmente uma confraria de coisas boas, de ótimos atores e de muitas surpresas interessantes para as pessoas que adoram o teatro e aprendem a cada dia um pouco mais com as suas apresentações, sejam estas dramáticas ou cômicas, não importa, o que vale é a capacidade de nos fazer refletir sobre situações pessoais ou da sociedade e desta forma enterrar de vez toda e qualquer falta de entendimento. Que o ouro tão idolatrado pelas confrarias seja o brilho que a Companhia Teatro de Seraphim necessita para nunca ficar esquecida nas nossas lembranças boas nos palcos pernambucanos e do resto do mundo.

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