quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Meu Som ao Redor

Tenho certeza absoluta que o filme O Som ao Redor foi inspirado nos meus vizinhos, pois se tem uma coisa que eles sabem fazer muito bem é barulho. Parecem loucos, gritando e caindo o tempo todo como jacas podres e deixando a minha paciência zerada, já que muitas vezes tenho o meu sono atrapalhado por estas pessoas mal educadas que agora residem no segundo andar. Acho que de todos os vizinhos que já tive estes foram os piores, os mais insuportáveis e cheios de maus costumes.
A mãe é barraqueira, fala alto demais e quando está telefonando o condomínio todo escuta a conversa. Imagina essa mulher contando um segredo? A filha deles é curiosa, bagunceira e tem um péssimo costume de subir as escadas de quatro, como se fosse uma quadrúpede. Pergunto-me várias vezes se ela desaprendeu a andar. O filho é gritante demais e vive caindo e tombando em tudo dentro de casa, sendo comum escutarmos suas quedas para nos perguntarmos em seguida: Está vivo?
A mãe inventa de fazer faxina tarde da noite e começa arrastar os móveis de lá para cá como se estivesse dançando valsa com eles e achando pouco, outro dia estava jogando sujeira na minha janela. Mandei ela parar imediatamente e ela se irritou quando eu disse que ela não era civilizada. Ela foi reclamar para a síndica e disse que eu estava perseguindo ela. Perseguir como, se ela me incomoda o tempo todo?
Acordo com essa mulher gritando, durmo com ela fazendo barulho e ainda tenho que escutar reclamações? Me economize, por favor...
O coitado do marido dela nem fala. Acredito que perdeu a voz e por algumas vezes já pensei que ele era mudo, pois nunca escuto ele falar nada e só sei que ele existe porque o vi saindo outro dia para trabalhar. O trio parada dura é mesmo a mãe, o filho e a filha. Infames criaturas do meu desespero que a cada dia perde mais a paciência e fica cansado de tanta bagunça numa casa só.
Quando a filha dela me encontrou outro dia na entrada do edifício, me falou: Tio, deixa a porta aberta que eu vou entrar daqui a pouco. Eu respondi: Não sou seu tio e vou fechar a porta para você demorar mais a entrar. Desde este dia que ela corta caminho quando me vê e nossa amizade colorida foi finalizada de vez quando eu mandei ela fechar a torneira do jardim que estava sendo usada para que ela tomasse banho com as suas colegas. Eu disse: Não tem água em casa não? Ela, retrucou: Tio, não estamos mais no racionamento, agora tem água. Eu respondi: Vá gastar a água da sua casa então, pois a do condomínio não é para este fim.
Olhei para a mãe dela outro dia na portaria e ela baixou a cabeça antes de passar por mim. Ela sente a minha falta de afinidade com ela e como é ruim para mim suportar diariamente gente tão mal educada e sem prumo, morando em cima do seu teto. Tenho vizinhos ótimos, educados, silenciosos, mas esta família faz barulho por todos e terminam gerando reclamações até de outros edifícios, que de certa forma escutam o barulho que eles conseguem emitir com os metros de goela que possuem.
Acho que nunca moraram em condomínio e não sabem sequer o significado da palavra vizinhança, pois se soubessem seriam bem mais pausados no barulho e fariam a vida de todos nós mais felizes.

Segue o Caminho do Boi da Macuca

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