quarta-feira, 29 de junho de 2016

Falando Difícil

Quando formos dirimir algum assunto é salutar que a temática seja abordada de uma forma eficaz e que traga muitas elucubrações sobre tudo que iremos desenvolver, pois se assim não for cairemos num mal terrível que sempre acontece: que é a comunicação ineficaz e sem muito sentido real.
Dependendo do público que nos escuta ou lê, temos que usar termos menos técnicos, dando espaço para a simplicidade das palavras que nem sempre geram entendimento por completo se não forem bem empregadas.
Se o pensamento é ágil e fácil de ser repassado, não precisamos ficar devaneando e buscando palavras que nem sabemos escrever direito e que servem apenas para complicar a nossa intenção, que pode ser até boa, mas fica esquecida no tempo se ficarmos mais preocupados em impressionar do que em comunicar.
Claro que isso não significa ficar usando termos errados ou palavras ordinárias a todo o momento. Em determinados casos, teremos que consultar um bom dicionário para formalizar os nossos textos e não passar vergonha, gerando uma imagem ruim do que realmente somos.
Tem gente que fala difícil porque sabe falar assim, mas outros fazem isso para tentar impressionar e causar uma imagem diferenciada do que são. 
Não cola mesmo!
O que termina acontecendo na maioria das vezes é que os "organizadinhos do vocabulário" formalizam uma imagem arrogante e terminam até sendo preteridos em algumas situações, enquanto os descuidados com este tipo de estética pegam a fama de ignorantes, quando na verdade não são e o que possuem apenas é uma preguiça na hora de escrever direito.
Ajustar-se a cada situação, mas nunca deixar de lado a ordem da escrita e da fala, é tarefa que deve ser perseguida por todos nós, uma vez que isso, sendo deixado de lado, nos causa um desgaste danado e terminamos perdendo muitas formas de nos comunicarmos com aqueles que nos cercam e precisam da nossa colaboração.
Seja claro, objetivo e se comunique bem. Ser prolixo demais é tarefa que só contribui para a nossa desgraça e faz com que tudo nas nossas vidas seja mais difícil de ser almejado, pois a delonga do caminho pode não ser o desejo da maioria que nos cerca e precisa da nossa comunicação.
"A tonga da mironga do kabuletê..." *
O que você disse mesmo? Traduza, pois não estou entendendo!

*Frase sem significado adequado, mas que ao mesmo tempo representa tudo, tudo mesmo!


Citação: "A tonga da mironga do kabuletê" - Vinícius de Moraes e Toquinho

domingo, 26 de junho de 2016

Lençóis Maranhenses

Continuando a visita ao Maranhão, fui até a cidade de Barreirinhas para conhecer os Lençóis Maranhenses, famosa beleza natural que tanto nos orgulha e nos remete às mais belas paisagens que temos notícia, já que suas dunas móveis criam lagoas de várias formas e cores e proporcionam aos visitantes banhos relaxantes e refrescantes, diante de um calor bem grande nos dias em que o sol insiste em brilhar mais.
Fiz o passeio no período da tarde, para ter a possibilidade de contemplar o entardecer nas dunas, o que foi muito interessante e mostrou um horário menos aquecido do local, já que nesta fase do dia o calor vai diminuindo e nos proporciona uma caminhada menos desgastante, uma vez que não temos a possibilidade de ter sombra durante a jornada pelas lagoas.
Como o tempo era curto, fui e voltei no mesmo dia, mas não aconselho esta aventura caso o visitante tenha mais tempo disponível na sua viagem. O ideal é passar um final de semana em Barreirinhas e desfrutar com mais calma do espaço e ficar mais tempo nas lagoas contemplando as belezas naturais que a natureza nos oferece. Ir e voltar num só dia é bem cansativo e terminamos não aproveitando muito dos Lençóis Maranhenses, ficando mais tempo na estrada do que realmente conhecendo o Parque Nacional. 
A sensação é muito boa e diferenciada. Nunca fui num deserto, mas deve ser bem parecido, só que neste caso temos vários oásis ao nosso dispor, que são as lagoas formadas pela água da chuva e que nesta época do ano se mostram mais presentes e com maior volume.
A cidade de Barreirinhas é banhada pelo Rio Preguiças e não tem muitas opções de lazer, embora possua muitas pousadas, restaurantes e agências de viagem para os visitantes. Para ter acesso aos Lençóis Maranhenses, é necessário seguir o passeio num carro especial, tipo 4x4, já que a areia fina impossibilita que o trajeto seja feito de outra forma. Há uma travessia de balsa que tem o intuito de criar um clima mais pitoresco ao percurso que poderia ser facilmente desbravado por uma ponte, caso esta existisse. Por se tratar de um Parque Nacional, algumas edificações ficam proibidas por lei e terminamos desfrutando ainda mais destes detalhes brejeiros do espaço.
Em São Luís é fácil conseguir passeios para os Lençóis, tanto através de agências, como por conta própria, já que a viagem pode ser feita de ônibus ou por carro próprio. A visita aos Lençóis é guiada e deve ser feita por pessoas experientes, porque a possibilidade de se perder naquele mundo de areia é muito grande e o resgate se torna muito complicado, pois basta olhar para os lados e perceber que tudo é muito parecido, quase igual.
A visita só serviu para aguçar o desejo de voltar e de ter um pouco mais daquelas belezas ao nosso lado, bem pertinho das nossas lentes fotográficas para guardar como lembrança, sentindo o vento gostoso da brisa que insiste em nos deixar mais leves do que somos, onde tudo parece igual, mas totalmente diferente.














sábado, 25 de junho de 2016

São Luís, Maranhão

Fui conhecer a capital do Estado do Maranhão, São Luís, local que há muito tinha vontade de visitar e que por falta de oportunidade ainda não tinha descoberto. Escolhi o período junino para fazer esta visita pois queria unir um pouco de história com o folclore da região, já que as diversidades são bem presentes neste pedacinho do Brasil.
Vou falar um pouco sobre o Centro Histórico, que foi a minha primeira parada. É um local bem interessante de ser visitado e possui várias construções bem preservadas, embora a maioria esteja precisando de cuidados urgentes para poderem perpetuar a história que carregam por mais tempo e fazer com que a visitação seja mais atrativa. A característica mais interessante são as cores e formas dos azulejos que encontramos nas paredes dos casarões e isso termina sendo a nossa maior curiosidade pelo local, que tem um detalhe que vale a pena ser destacado, que é a iluminação embutida e não exposta em postes cheios de gambiarras que só afetam a paisagem e a fotografia do espaço.
Fotografei muitos azulejos, alguns bem preservados, outros nem tanto, mas todos com uma particularidade singular e que formalizam bem a cultura do local que teve forte influência portuguesa na sua colonização. Passei por vários becos, ruas e bares e fui visitar a Casa das Tulhas para comprovar um pouco das variedades que a culinária maranhense nos oferece. Foi lá que provei o famoso Guaraná Jesus e o Doce de Espécie. O guaraná não é muito refrescante devido ao seu paladar, que demonstra muito açúcar na sua composição, além de uma variedade aromática que nos leva a perceber a canela com mais intensidade. O doce famoso é feito a partir do coco, muito parecido com uma queijadinha, e oriundo da cidade de Alcântara, a qual não tive tempo de conhecer pela falta de tempo. Observei também uma infinidade de ervas com nomes diferenciados, além de óleos, cachaças e outras bebidas oriundas de raízes típicas da região. Provei também o Sorvete de Bacuri e admirei os belos artesanatos feitos a partir da Palha do Buriti, que tem característica bem maleável e pode ser usada para muitas finalidades, desde os enfeites mais tradicionais até os mais inusitados. Com esta palha é possível ser feito um crochê, o que facilita ainda mais a criatividade na sua utilização.
Passei pela Fonte do Ribeirão, local bem visitado no Centro Histórico e que possui uma água bem clara e até peixes para apreciação. Reforço aqui a necessidade de manutenção do local, pois a quantidade de lixo nas redondezas era gritante, o que tornava a fotografia meio complicada, pois tive que retirar muitos restos dos visitantes para poder limpar a visão do espaço.
Na hora do almoço provei o Arroz de Cuxá para ter ideia de como era o sabor do prato e posso dizer que gostei muito, embora o paladar seja bem apurado e não muito atrativo para quem não gosta de pratos muito elaborados. Na verdade, a culinária maranhense é bem carregada e alguns pratos não me atrevi a comer, pois sempre levam muita gordura e temperos bem exóticos. Estava num momento ruim para apreciar tais delícias, já que no dia anterior tive uma indisposição terrível na viagem e o restinho da enxaqueca ainda me perseguia. Achei melhor não arriscar para não perder o resto do meu dia.
Passei ainda pelo Teatro Arthur Azevedo, uma das únicas construções bem preservadas de todo o Centro Histórico, como também o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, onde tive uma bela aula de histórica sobre escravos tigres, culturas portuguesas, costumes de época e desenvolvimento cultural. Em outras publicações falarei um pouco mais sobre tudo isso, pois os assuntos são variados e merecem um pouco mais de comentários.
Saldo do dia: muito conhecimento e lembrancinhas variadas para enfeitar a casa, já que o colorido da arte do Maranhão atrai os nossos olhos e nos faz ter vontade de guardar um pouco para relembrar em momentos futuros. 
O que falta no Centro Histórico é um pouco mais de vigilância, de limpeza e de manutenção. Todos precisam colaborar e não poderemos jamais ter um espaço digno para visitação se nós mesmos, visitantes, não estivermos atentos aos detalhes e cuidados que qualquer cidadão deveria ter com as suas cidades. Percebi que o lixo espalhado pelo local era antigo e não se tratava de fato de ocasião. Uma organização melhor dos espaços já ajudaria muito e traria mais vivacidade ao belo conjunto arquitetônico que sofre com a falta de educação das pessoas que insistem em destruir tudo e depois cobrar melhorias do poder público. Vi muitas paredes históricas de azulejos totalmente pichadas e como se isso não bastasse, prédios monumentais, como a casa do escritor Aluísio Azevedo, caindo aos pedaços e sendo o retrato do descaso que o Brasil tem com a sua cultura. 
Adorei conhecer o Maranhão e pretendo voltar com mais calma para visitar as relíquias que não tive tempo de apreciar, as quais só precisam de disposição e de pessoas livres de preguiça e de impedimento para desbravar casa cantinho deste país tão diferenciado que chamamos de Brasil.





























sexta-feira, 24 de junho de 2016

São João do Boi Bumbá

Para minha surpresa não era feriado no Dia de São João na cidade de São Luís, Maranhão, e os ludovicenses festejavam a data com todas as atividades normais, sem paralização, como ocorre aqui em Pernambuco. Achei que iria encontrar a cidade fechada e os pontos turísticos sem muitas pessoas circulando, o que não aconteceu. A cidade estava movimentada e propícia para passeios e compras, embora o diferencial da cidade seja o centro histórico e todas as apresentações culturais que são realizadas nas redondezas.
Pude ver o Tambor de Crioula, que tem forte influência do candomblé e dos seus terreiros. A manifestação acontece em rodas de samba e tem toque bem repetitivo, tornando a apresentação até meio confusa em dado momento, pois não se escuta bem o que estão cantando, já que vozes e sons se misturam de maneira surpreendente. Em determinados momentos só escutávamos aquele som cíclico que deixava a nossa cabeça meio confusa, mas mesmo assim era impossível não se envolver e até dançar um pouco ao ritmo negro que nos contagiava.
Vi também uma Quadrilha Junina bem elaborada, que é igual as demais que já tinha visto em outros Estados, mudando apenas o jeitinho peculiar que cada um tem de criar suas roupas e gestos. Outra manifestação folclórica foi o Lelê, que tem ritmo mais leve, embalado por violões e outros instrumentos; duas filas, uma de homens e outra de mulheres, seguem passos ditados por um mandante, que vai alternando os comandos e tornando a apresentação mais cativante, fazendo com que no final todos possam participar e dançar.
Bumba meu Boi é o rei da festa mais tradicional da região; praticamente em todos os lugares temos a oportunidade de ver o animal folclórico, que depende de um miolo, homem que comanda o boi, sendo cortejado pelos índios, cantadores e cazumbas, que são os protetores das florestas na tradição local.
É uma festa bem diferente da que estou acostumado a ver aqui em Pernambuco, pois aqui o forró esquenta os casais e faz com que a festa seja ao ritmo do aconchego e do fungado no pescoço. Lá os festejos são mais contemplativos e as apresentações mostram uma cultura popular mais apegada aos detalhes e vestimentas dos grupos que se apresentam. 
Temos uma noção maior do folclore vivo e percebemos menos a influência de ritmos que não são característicos da nossa festa e que terminam sendo incluídos nos festejos para atrair multidões. Não encontrei aglomerados em São Luis neste São João e percebi que a festa prima pelo autêntico folclore e todas as histórias que ele nos apresenta diariamente, pois em cada ritmo apresentado sempre há uma lenda a ser contada ou uma reverência religiosa a ser destacada, algo que não acontece tanto na matutice que hoje se esconde nos forrós eletrônicos e ritmos fora do padrão cultural que aprendemos a admirar e muitas vezes sentir a perda das suas características.
Gostei muito do que vi, pois admiro demais o que é natural e que tem características preservadas, ainda mais quando isso é refletido em cultura e em tudo que ela pode nos apresentar. A vestimenta rica do Bumba meu Boi é o retrato disso e mostra que de pequenos detalhes podemos fazer uma grande cultura e mostrar que a riqueza não está somente no público gigantesco, mas nas raízes bem firmadas que as tradições levaram séculos para imortalizar.
Voltarei em outro período junino, mas pelo que percebi as manifestações folclóricas já fazem parte da cidade e não se concentram somente em épocas distintas do ano. Vale a pena conferir o São João do Maranhão e tudo que ele tem a nos oferecer.
Tudo isso me fez lembrar uma música que o Edson Cordeiro cantou em um dos seus álbuns e que fala da riqueza e dos festejos do Bumba meu Boi. Utilizo a canção para finalizar esta publicação:

"Ele não sabe que seu dia é hoje! Ele não sabe que seu dia é hoje!
O céu forrado de veludo azul marinho veio ver devagarinho onde o boi ia dançar... 
Ele pediu para não fazer muito ruído que o santinho distraído foi dormir sem se lembrar... 
E vem de longe o eco surdo do bumbá sambando a noite inteira encurralado batucando... 
Bumba meu "Pai do Campo", ô, ô, ô Bumba meu boi bumbá 

Estrela D'alva lá no céu já vem surgindo acordou quem está dormindo por ouvir galo cantar... 
Na minha rua resta cinza da fogueira que levou a noite inteira fagulhando para o ar.
E vem de longe o eco surdo do bumbá sambando a noite inteira encurralado batucando... 
Bumba meu "Pai do Campo", ô, ô, ô Bumba meu boi bumbá...bumba meu Boi Bumbá, bumba meu Boi Bumbá."

Boi-Bumbá
Composição: Waldemar Henrique






Segue o Caminho do Boi da Macuca

O São João do Boi da Macuca, na cidade de Correntes, Pernambuco, acontece anualmente e reúne grande quantidade de pessoas que buscam nos fes...