segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Contrastes do Vidigal

Conhecer o Morro do Vidigal nesta última viagem que fiz ao Rio de Janeiro, foi uma experiência diferente, pois pude perceber com mais detalhes como funciona a vida numa comunidade daquele tamanho e como as pessoas se organizam de uma maneira incomum, pois tudo que você observar é feito na base do "puxadinho".
As casas literalmente se equilibram nas encostas e a precariedade das instalações elétricas e hidráulicas é o que chama atenção e faz com que fiquemos impressionados com um bairro daquele tamanho, com tantas diferenças. Conversando com uma moradora, ela me falou que a população do local ultrapassa os 50.000 habitantes e se formos pensar bem, iremos verificar que isso é bem maior do que densidade demográfica de muitas cidades que conhecemos.
Logo cedo quando cheguei por lá, a minha maior surpresa foi perceber a quantidade de carros que circulam nas ladeiras estreitas e como os transportes alternativos conduzem as pessoas o tempo todo, seja de Kombi ou moto, como se não existisse obstáculo algum e as subidas íngremes na verdade fossem terrenos planos e que não causassem problemas de tráfego para as pessoas. Eu achei que os carros nem circulassem por lá, pois quando passamos por perto, só vislumbramos um monte de casinhas coloridas, se equilibrando nas encostas.
Há de tudo no Vidigal e os bares e restaurantes, apesar de bem populares, oferecem sabores diferenciados e preços bem convidativos aos bolsos das pessoas que por lá residem ou visitam a área. Não é difícil encontrar turistas passeando e fotografando, admirados com a paisagem surreal e certas vezes contrastante, já que a vista panorâmica da zona sul é privilégio dos moradores de lá, principalmente os que estão nas partes mais altas.
Os maiores problemas que percebi foram o acúmulo de lixo e a forma desordenada de descartar as coisas, uma vez que nas encostas encontramos muitos resíduos que só colocam em risco a saúde e a imagem do local. Os próprios moradores deixam seu espaço sujo, cheio de lixo acumulado e sem chances de ser removido, devido a dificuldade de acesso de alguns locais de descarte. A pobreza predominante se mistura com a sujeira em algumas áreas, embora possamos encontrar casas mais estruturadas e até um espaço para atividades físicas, de uso público, com grama sintética e outros privilégios.
Os habitantes são misturados, mas a maioria é composta de pessoas simples e que vivenciam momentos de descontração a todo o momento, pois não é difícil encontrar um som ligado nas alturas, numa das inúmeras lajes que encontramos por lá.
Há pousadas diversas também, além de ponto de ônibus com várias linhas disponíveis e policiamento constante em vários espaços do local. Um hotel de luxo, com praia privada e tudo fica a menos de 1 km do local e isso é um dos contrastes que mais me chamaram a atenção. Não sei como estão os índices de violência por lá e nem me interessou este assunto, uma vez que o passeio foi mais interessante do que as supostas notícias ruins que sempre escutamos falar.
Com todos os contrastes da cidade maravilhosa, o Vidigal me mostrou duas faces de uma mesma cidade, onde a riqueza e o luxo do Leblon e redondezas se misturam com a precariedade da vida no morro, que de tão complicada se faz interessante e merecedora de comentários.
Qualquer favela do Rio é bem maior do que possamos imaginar e terminam sendo bonitas mesmo quando deveriam ser feias, não sei se pela sua riqueza de detalhes ou pela paisagem da porta dos fundos, que sempre se mostra impressionantemente linda e nunca cansa a nossa visão.
Acordar naquela confusão e ter um mar lindo daqueles todos os dias na nossa frente é, no mínimo, um deleite para aliviar os problemas e para perceber que nem tudo está perdido e basta um pouco da nossa percepção para encontrarmos os tesouros que ficam escondidos em meio a tantas disparidades sociais.
Ah...
O Vidigal é cultural também. Na entrada do local há um teatro aberto e que mostra a vocação da área para as atividades e para o abrigo de artistas diversos, seja nas artes visuais ou musicais. Um cenário perfeito e com a cara do Brasil.

Segue o Caminho do Boi da Macuca

O São João do Boi da Macuca, na cidade de Correntes, Pernambuco, acontece anualmente e reúne grande quantidade de pessoas que buscam nos fes...