quinta-feira, 21 de junho de 2012

Qual a Sua Profissão?


Hoje estava lendo uma reportagem sobre bebidas e no texto citava a descrição de uma profissão chamada “Mixólogo”, que é justamente aquela pessoa que faz as misturas nas bebidas e com isso as transforma em coquetéis deliciosos e com sabores inusitados.
A reportagem falava ainda que esta pessoa dava cursos no exterior, tinha uma escola que ensinava a fazer as misturas e ainda dava palestras sobre o assunto. A profissionalização mudou muito e hoje as atividades são tão diferenciadas e o mercado exige tanta exclusividade que os profissionais estão cada vez mais se destacando em atividades que antes nós mesmos fazíamos em casa, por intuição e conseguindo o mesmo ou melhor resultado. Sou da época que coquetel era chamado de “Batida” e “Drink” era sinônimo de bebida cara e inacessível ao povão.
Hoje é bem diferente...
Temos profissionais para tudo e as faculdades seguem este ritmo com os cursos de curta duração chamados de “tecnólogos”, que num período mais curto capacitam as pessoas a exercerem uma profissão, obtendo um conteúdo básico do que é necessário para conseguirem uma formação superior sem muito esforço e estudo. A profissão de Cozinheiro se transformou em “Gastrônomo”, um Decorador agora é “Design de Ambientes” e um Cabeleireiro pode ser lindamente chamado de “Hair Stilist”. Será que todos são profissionais mesmo ou a forma que a sociedade encontrou de atribuir nomes bonitos às profissões não visa somente mascarar os serviços ruins que muitos deles prestam?
Eu vejo muitos profissionais enchendo a boca e falando das suas profissões inusitadas, quando na verdade nem talento para isso possuem. Ganhar dinheiro com a cara e com um texto bem dito é bem mais fácil do que conhecer realmente a essência das coisas e com isso realizar atividades que realmente sejam dignas de aplauso. Vejo isso comumente nos salões de beleza que existem perto da minha casa e que na maioria prestam serviços horríveis, pois já tive os restos mortais dos meus cabelos detonados pelas cabeleireiras mal capacitadas e sem talento para a profissão, mas mesmo assim exibem um diploma como um troféu.
Mesmo assim os anúncios falam maravilhas dos serviços e os termos em francês e inglês são usados com abuso para dar um tom mais internacional ao serviço que nem deveria ter saído da escola.
Vejo toda esta estilização das profissões como uma busca incansável de aumentar os preços das atividades simples que precisamos e que pagamos muito caro para minutos de deleite e pura sensação. O resultado é uma surpresa, nos bolsos e na nossa imagem. As profissões e profissionais são úteis e defendo a utilização de todas e todos, pois nos ajudam e nos fazem ter um pouco mais de facilidade em tudo que iremos realizar, especialmente naquilo que não temos muita prática no desempenho.
Melhor do que inventar nomes bonitos para as profissões é termos a consciência de realizar bons trabalhos e com isso sermos reconhecidos pelos méritos acumulados ao longo da carreira. O caso que li na reportagem foi apenas um exemplo, mas encontramos muitos outros por aí. A “Mixóloga” descrita na reportagem certamente era competente, mas acho meio estranho ela viajar o mundo dando palestras sobre algo tão simples, dando a impressão que os outros profissionais do ramo não possuem competência necessária para realizar uma mistureba com valor e saborosa. Será que misturaram o nosso cérebro a tal ponto que ficamos incapazes de realizar ou de pensar nas coisas mais simples?
Que profissionais desejamos ser?

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