sábado, 28 de setembro de 2013

O Caiçara Ruiu

A demolição do tradicional e belo Edifício Caiçara, no Pina, já estava anunciada há anos, pois a falta de manutenção de um exemplar da arquitetura antiga estava agonizando. Só agora, quando a construtora que comprou o imóvel, começou realmente dar finalidade ao que já era notório é que as autoridades tomaram providências sobre o embargo da obra e lembraram que existia um processo de tombamento mal resolvido.
Tenham vergonha!!!
A Prefeitura do Recife ainda postou no Facebook uma nota de esclarecimento informando que a demolição era ilegal. Que efeito isso tem? As pedras já caíram e o que era realidade se tornou pó.
Na minha opinião ele deveria ser preservado, sim, mas se continuarmos tratando a nossa história com descaso, ficaremos cada vez mais observando as demolições sem ter o que fazer nas últimas horas de desespero. 
Agora, com parte do prédio demolido, o que nos resta fazer:
Construir de novo? 
Quem vendeu o edifício vai querer ele de volta?
O que será feito com o prédio tombado?
Ele vai ficar tombando como muitos outros por aí?
As providências deveriam ter sido anteriores e nenhuma obscuridade ou dúvida deveria ter ficado no processo de tombamento, evitando que essa joia rara da nossa orla fosse destruída para dar espaço a mais um espigão que só tira a ventilação de quem mora nas ruas paralelas à beira mar.
Quando escutei a notícia da demolição, não acreditei. Depois vi as várias informações que circulavam e que mostravam fatos partidos e nenhuma notícia realmente concreta e favorável.
Concreto é o que vai surgir ali daqui a alguns meses, pois tenho certeza que o empreendimento não será de pequeno porte, devido a grande valorização do local. Uma vez passei em frente ao edifício e fiquei observando a sua formação e imaginando o tamanho do apartamento, que deveria ser bem grande e ventilado. Era um estranho no ninho, pois ao seu lado só havia grandes obras, empresariais e restaurantes.
Não adianta fazer baderna tardia e temos que aprender a resolver as broncas imobiliárias da nossa cidade com mais inteligência e ter na prefeitura um órgão que realmente regule e cuide disso, verificando o que é passível de tombamento ou não, impedindo as ações antes delas acontecerem, especialmente na compra e venda dos imóveis. 
Aconteceu parecido com o Cais José Estelita, quando a demolição dos galpões foram embargadas e até hoje estão paradas, só esperando a volta triunfal dos edifícios que serão construídos no local, alterando drasticamente a visão linda que ainda temos do centro da cidade a partir do Pina. Será que quando venderam aquele local, abandonado, cheio de marginais, não pensaram nisso? 
Claro que sim. A prefeitura deveria ter se antecipado, comprado antes, e ali ter construído um grande parque para as pessoas, preservando de vez o espaço e afastando a especulação imobiliária do local. O Caiçara oferece menos visibilidade, mas era um dos únicos edifícios em toda a orla de Boa Viagem que ainda contavam um pouco da sua história.
Hoje ele está vendido, parcialmente demolido e agora que as autoridades e população se manifestam pelo tombamento? Tarde demais...
Tombou mesmo. Está tombada a nossa capacidade de resolver, pois ainda nos preocupamos em inflamar as situações, criando sempre um problema maior do que o outro e geralmente sem solução. Alguém acredita que este caso será revertido? Eu já vejo o prédio novo no local. Lindo, de vidros espelhados e revestimento cinza, que são marca registradas da construtora que o adquiriu. 
O Caiçara agora vai pescar em outro local: A Nossa Lembrança.

Segue o Caminho do Boi da Macuca

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