segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Atento aos Sinais

O CD Atento aos Sinais, do Ney Matogrosso, lançado neste mês reflete parte do conteúdo do show homônimo e que já é sucesso de público há algum tempo, arrebatando plateias e fazendo com que muitas pessoas se rendam ainda mais aos encantos deste artista completo e sempre renovado, que nunca deixa seu estilo e inventividade ficarem esquecidos e basta ver as participações que faz em vários shows e a grande quantidade de trabalhos lançados na mídia para percebermos que ele está com o pique total, mesmo após ter completado pouco mais de 70 anos.
Ney Matogrosso só aparenta ter a idade que tem quando está fora dos palcos, simples, tímido e com o seu jeito calmo de agir diante da vida, sem nunca esquecer o inquieto e brilhante artista que é.
O CD traz 14 faixas, com uma mistura que vai de Lenine a Dani Black, passando por Vitor Pirralho e Unidade, incluindo também o Dan Nakagawa e a Banda Tono. Um repertório moderno, pop, eficiente e que mostra a capacidade tão conhecida do Ney Matogrosso, que é a ousadia.
Gostei muito da primeira faixa, do Lenine, que é uma melodia direcionada aos motoristas imprudentes e todas as suas agonias no trânsito das cidades. Parece que ele se inspirou no Recife, pois tudo que não presta acontece nas ruas daqui, fazendo com que a direção seja um momento de pura adrenalina.
O Samba do Blackberry é uma música bem legal, com acordes eletrônicos e que foi tocado inicialmente pela Banda Tono. As inspirações para os arranjos foram parecidas, mas a sonoridade das duas músicas ficaram bem diferentes, pois o Ney Matogrosso valorizou mais a música eletrônica, enquanto a Banda Tono primou pelo samba mais fortemente.
A difícil letra da música Tupi Fusão, do Vitor Pirralho e Unidade foi a minha surpresa maior, pois o rap original foi transformado numa música dançante, cheia de significado e ritmo, onde cantar corretamente cada frase é algo que exige muito do artista e este deve ser rápido na pronúncia para acompanhar bem o compasso de cada frase.
A música Oração, do Dani Black é a que dá título ao CD e faz com que todas as outras tenham significado, pois mostra a forma do Ney Matogrosso de enxergar o mundo e ver o seu trabalho abençoado pela vitalidade que ele tem de sobra.
Vitor Ramil foi lembrado na canção A Ilusão da Casa, que é bela e cheia de significados, assim como em Noite Torta o artista presta uma bela homenagem a Itamar Assumpção.
O que posso dizer é que o CD está ótimo e não poderia ser diferente. Ney Matogrosso é único, sem comparações, e certamente um dos maiores representantes da nossa música, pois sua capacidade de recriar e de mostrar um pouco da mistura brasileira, faz com que ele seja um artista de sucesso e nunca tenha o seu lugar no pódio do sucesso abalado pelos modismos das músicas que vão e vem, mas nem sempre nessa ordem. 
Alguns vão para nunca mais voltar.
Não é o caso de Ney Matogrosso. Ele veio há muito tempo, ficou nos nossos palcos e fez deles a sua morada infinita e cativa.

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