sábado, 31 de janeiro de 2015

É Fome

Quem quiser ver a tristeza
Do jeito que Deus criou
Olha os olhos do menino
Carregando o andor
Lá dentro tem um corumba
Todo enfeitado de flor
A dor batendo zabumba
E dando viva ao Senhor

Quebradeira de coco
Babaçu ê Iá
A dor é um coco ruim de quebrar
A dor é um coco ruim de quebrar

Menino assustado no meio do mundo
Busquei refúgio em teus braços
Água de brilho falso
Lamaçal no fundo
Se eu fosse fazer farinha
Que nem você faz sofrer
Não tirava ladainha
Pra Deus não se aborrecer

Quebradeira de coco ...
Lá no meu interior
Tem uma coisa que não tem nome
Lá no meu interior
Tem uma coisa que não tem nome
Quando eu dou nome à coisa
A coisa some
Menino que coisa é essa?
Ele me respondeu: "É fome!"


Quebradeira de Coco - Roque Ferreira

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Capela Dourada

Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Recife, abriga um dos maiores expoentes da nossa arte sacra, que é a belíssima Capela Dourada, monumento que retrata um pouco da riqueza das nossas igrejas e como os detalhes eram bem definidos para criar ambientes de pura devoção e harmonia arquitetônica. Fica até complicado imaginarmos lugares como aqueles hoje sendo construídos, pois demandariam uma carga de trabalho muito grande e fariam com que muitas riquezas, já quase inexistentes, fossem empregadas para sua construção. A quantidade de madeira, ouro e prata impressionam...
Já tinha passado por lá há algum tempo, mas não tive a oportunidade de entrar e conhecer o espaço, que tem acesso restrito e serve somente como museu, uma vez que desde 1960 que as missas não são mais realizadas na pequena capela que fica no centro da cidade do Recife.
Além dos detalhes infinitos das paredes e teto, o local nos oferece muitos itens de arte sacra como ostensórios, oratórios, imagens e diversos utensílios usados pelos padres nas realizações das missas. 
A parte interna tem jardins bem organizados e floridos, além de nos mostrarem um pouco da porcelana portuguesa com todo o seu azul e detalhes históricos que sempre contam um pouco da vida religiosa no início da colonização do Brasil. Gostei muito dos móveis em madeira de lei e da forma como eles adornavam os pequenos detalhes que muitas vezes passam despercebidos por todos nós, já que nos apegamos aos grandes efeitos dos ambientes e deixamos de lado aquilo que pode gerar um grande impacto visual se for bem trabalhado e colocado em evidência da maneira certa.
Fui visitar o espaço, infelizmente, num dia chuvoso e as janelas estavam fechadas e dificultaram um pouco a visualização de algumas áreas, fazendo com que as fotografias da Capela Dourada não mostrassem todo o seu brilho e riqueza de detalhes, os quais merecem uma nova visita em momento oportuno que irei escolher.
Para quem gosta de arte sacra como eu, este passeio é sempre bom e faz com que os nossos olhos estejam atentos ao que é lindo e que merece sempre a nossa consideração e valor, pois a arte não morre jamais e sempre é válida para as mais variadas visitas que possamos realizar no nosso cotidiano e que só nos fazem bem.


















quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Kit Carnaval

O carnaval está bem próximo e já começamos notar a movimentação para algumas situações que certamente se tornarão febres momentâneas e que irão fazer da festa um momento de pura descontração e até de abusos, já que muitas vezes a festa profana termina gerando alguns equívocos desnecessários e fazendo com que a diversão termine sendo vista de uma forma bem diferente, onde a distorção dos fatos transforma coisas simples em problemas grandiosos.
A "Sofrência" que algumas pessoas passam nessa época é bem mais que o ritmo do "Arrocha" que agora está na moda e embala muitas fantasias, sejam reais ou imaginárias, onde nem todos os cornos são felizes e nem as raparigas se transformam em mulheres de vida fácil. 
A coroa de flores, que adorna as cabeças das meninas na moda do verão, pode ser revertida para um funeral rapidamente se limites com as bebidas da moda não forem tomados ou se estivermos mais preocupados com a pistola real do que com a que é abastecida com água e serve para refrescar as cabeças quentes dos foliões já cheios de bebida, de todos os tipos.
A fralda que muitos usam para se fantasiar de bebês pode terminar sendo usada para conter o desarranjo intestinal causado por muitos alimentos impróprios comprados nesta época, pois o que mais existe nas ruas, além de foliões fantasiados, são as comidas maquiadas e com cara de saudáveis. A procedência nem sempre é conhecida e isso termina sendo um agravante para muitas dores de cabeça e de barriga que possam existir.
A música que embala os blocos também pode nos incomodar porque a mistura de ritmos e de volumes termina gerando uma certa onda de protestos e fazendo com que as pessoas briguem ao invés de cantar. O "Samba da Bênção" termina se transformando no "Samba do Crioulo Doido" e gerando uma grande agonia para todos que não entendem a letra e terminam sendo levados pela multidão, sem chance alguma de participar efetivamente de uma diversão que é pública e agrega muita gente.
Reúna o seu kit de carnaval apropriado e faça a diversão valer a pena, pois se não tivermos a devida atenção aos detalhes, os três dias de festa poderão se transformar em dias de tremenda agonia e desgaste, fazendo com que as cinzas da quarta-feira sejam mais reais do que se imagina e transformando a limpeza de toda a sujeira em algo difícil e que necessita de muitos retoques, os quais podem atrapalhar outros carnavais e a nossa fantasia tropical, cheia de flores, frutos e brilhos.
Quase uma "Carmem Miranda" com um "Tico-Tico no Fubá" em plena erupção...
Vamos brincar corretamente e não deixar tudo murchar, apodrecer ou perder o brilho. Se estivermos atentos ao que realmente importa, a nossa folia será bem aproveitada e outros carnavais irão nos alegrar e nos fazer ter a certeza de que fizemos o ato certo e não perdemos o compasso de uma festa tão alegre e que se torna a maior diversão dos brasileiros, do mais rico ao mais pobre.
Todos somos os reis da festa, mas precisamos exercer esse poder com sabedoria, destinando o que é bom e saudável para a perpetuação desta felicidade que se renova a cada ano.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Nossos Passos

A nossa passagem pelo mundo é bem mais importante do que imaginamos e não podemos deixar jamais que isso se transforme num momento de pura ineficácia, onde não possamos perceber todas as interferências e contribuições que iremos encontrar, as quais nos fazem evoluir e nos tornarmos mais fortes e destemidos para as grandes atribuições que ainda nos serão apresentadas.
Cada pedacinho nosso reflete os detalhes que o mundo nos apresenta e que nos favorecem de várias formas, bastando para isso que a nossa atenção esteja redobrada e possa captar cada detalhe do que chamamos de importante. Passar sem deixar rastros é tarefa que não merece crédito e só deve ser praticada por aqueles que fazem as ações às escondidas, onde o mal geralmente impera e faz com que as atitudes sejam mascaradas para criarem uma grande omissão do que realmente é válido e precisa ter visibilidade.
Mostrar a nossa capacidade é sempre bom, mas temos que fazer isso com passos concretos e largos, nunca deixando as nossas realizações inadequadas e cheias de obscuridades que causem temor ou falta de ânimo.
Sempre que realizamos algo, temos que fazer de uma forma boa, melhorada e que nos possibilite um aprendizado constante, já que atividades que nos impedem de evoluir são facilmente destruídas na nossa mente e fazem com que esqueçamos rapidamente o seu sentido e como ela iria contribuir para a nossa vida e eficácia.
Saber como se comportar diante da vida é bem mais fácil do que imaginamos e basta um piscar de olhos para espantar a poeira momentânea que insiste em nos perseguir e nos tirar dos reais propósitos aos quais somos apresentados constantemente.
O nosso cadeado com as iniciais deve estar fincado numa vida toda e não somente em passagens momentâneas onde a chave é jogada num rio de grandes turbulências e que terminam acabando com a nossa perpetuação e sabedoria. 
Passar pela vida todos nós sabemos, mas com sabedoria, poucos aprenderam.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Nosso Lindo Selfie... #SQN

É tão engraçado essa nova mania das pessoas de usarem o celular para realizarem os mais variados "selfies" contando com a ajuda de um suporte que recebeu o apelido horroroso de "pau do selfie" e agora se consolidou como item obrigatório para qualquer pessoa que necessite realizar uma foto sua ou de alguém especial que esteja ao seu lado.
Mais ou menos assim...
Essa era a regra romântica, mas na prática o que existe é o aproveitamento e uso das pessoas para que a foto "pareça" feliz e sincera. Basta que o registro seja realizado para que a cara feia seja notada ou quem sabe o namorado e a namorada se afastem e fiquem novamente olhando, cada um, da sua forma, para os seus respectivos celulares, pois hoje em dia a comunicação está mais presente nos aparelhinhos do que na voz das pessoas e isso reflete em muitos aspectos negativos e que só atrapalham a relação.
Um "Bom Dia" é bem menos significativo do que o toque de uma nova mensagem no "whatsapp" e os novos aplicativos são mais importantes que as novidades que poderemos ter vivenciado no nosso cotidiano e que não se tornam importantes devido a sua incapacidade de serem "sincronizadas com as demais redes sociais disponíveis".
Quando registrei a foto desta publicação fiquei pensando justamente nestes aspectos da vida e ao observar o trio por alguns instantes notei claramente a intenção de fazer bonito na foto e não de se relacionarem, pois eu não sabia se o rapaz era namorado da menina ou se recebia para ser modelo na foto, pois ela beijava ele, fazia biquinho, abraçava, mas só na foto...
Após estes instantes mágicos, ela o deixava de lado e só tinha olhares para o celular. Talvez ela namorasse com a máquina e ficasse com o namorado nas horas vagas, especialmente naquelas em que o "selfie" fosse necessário para alimentar as redes sociais.
Essa é a realidade de hoje em dia, onde os celulares tecnológicos se tornaram mais importantes que as pessoas e o vício que causam no ser humano transforma relações em verdadeiras agonias, pois ninguém sabe ao certo o que existe de fato e onde o amor está residindo. Precisamos do calor humano, do sorriso franco, do abraço verdadeiro e do amasso necessário.
Pose por pose, é melhor ficar sem registro...
É por isso que prefiro registrar lugares e momentos, pois para estes a verdade não fica comprometida e os retoques não precisam ser feitos nos diversos filtros que os aplicativos disponibilizarem, aumentando ou diminuindo a intensidade da mentira contida nas imagens que só refletem a beleza de uma vida existente nas redes sociais.
A felicidade é mais que isso e merece ser tratada como tal.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Boia Boiou...

Aqui em Pernambuco usamos o verbo "boiar" quando nos referimos a algo que estava sendo vendido e que sobrou, dando prejuízo ao comerciante ou fazendo com que ele vendesse o que faltava por um preço mais barato ou até abaixo do custo para compensar o furo no orçamento.
O que muitas vezes percebo é que alguns itens são vendidos em locais adequados, mas nem tanto assim...
Nem tanto assim porque geralmente as pessoas já trazem de casa aquele item, por se tratar de algo caro e que é bem mais barato em lojas de departamento. Comprar uma boia na praia ou até um protetor solar é algo que compromete o bolso e a diversão, pois o dinheiro que seria utilizado para a diversão, ficou comprometido com produtos que poderiam ter sido comprados em outro momento, bem mais barato ou até em parcelas suaves no cartão de crédito.
Ontem percebi isso na praia quando vi alguns vendedores, no final da tarde, ainda com os seus produtos todos para vender. Era o caso dos vendedores de boias, saidinhas de banho e protetores solares. Eles estavam desesperados para vender tudo e faziam qualquer negócio para limpar os estoques existentes, pois o prejuízo estava escrito na cara de cada um deles.
Enquanto isso os vendedores de espetinhos, cachorro quente, caldinho, queijo de coalho, tapioca e demais itens de alimentação, incluindo o "espetinho de frango com bai com", o "camarão comeu morreu" e a "ostra engole tudo" estavam extintos da orla e isso era devido a fome que sempre acomete os banhistas quando estão tomando o seu banho de mar ou recebendo um pouco do sol ardente do verão.
O resultado disso era a sujeira infernal que tomava conta de todos os espaços da praia, fazendo com que os garis tivesses trabalho para deixar o ambiente mais limpo, pois de de um lado eles limpavam e do outro os rebeldes sujavam de novo, tornando a atividade um pouco inglória.
Pior do que perceber os produtos "boiando" nas mãos dos vendedores, era ver o lixo espalhado nas areias da praia ou "boiando" na água do mar, o que tornava o ambiente impróprio para uma boa convivência social e fazia com que um dos principais pontos turísticos da cidade, que é a Praia de Boa Viagem, ficasse cheio de interferências desnecessárias e que poderiam nem existir se a educação falasse mais forte e estivesse presente na consciência de cada um.
Eram restos de tudo: embalagens plásticas, alimentos, fraldas descartáveis, latas de bebidas, garrafas de vidro, brinquedos e tudo mais que você possa imaginar e que sejam inacreditáveis num primeiro momento. É a realidade de uma diversão tão comum a todos nós e que não damos o devido respeito e cuidado quando utilizamos tais espaços, seja em que local for, pois não é só por aqui que isso acontece e a generalização da falta de educação atinge todos os espaços onde possam existir visitantes mal educados e sem nenhuma consciência ambiental.
Boiou a nossa cara de sujos e também a responsabilidade com os espaços que são públicos e que precisam da nossa atenção para se manterem organizados e em plena capacidade de receber e acolher os visitantes e usuários costumeiros como eu. Por isso que prefiro ir caminhar logo cedo, pois o serviço de limpeza da prefeitura faz o seu trabalho na madrugada, deixando a areia limpa novamente e apta para receber novas quantidades de resíduos, deixados por aqueles que nem sabem ao certo o que é civilidade e demonstram um pouco do que são e de como as suas casas devem ser bagunçadas e sujas.
Talvez não...
Quem sabe em casa eles sejam mais organizados e façam essa desordem somente nos espaços que não são seus e cuja a limpeza esteja sob a responsabilidade de outras pessoas. Quando limpamos a nossa casa, damos valor à organização, ao esmero. Quando terceirizamos esse serviço, geralmente não temos consciência de como é trabalhoso manter limpo e organizado o que é muito fácil de ser sujado. Sujar é fácil, rápido e não requer especialidade alguma.
Limpar é bem mais complicado, pois determinadas imundícies são difíceis de serem removidas e ficam por muito tempo mostrando a nossa ineficácia como cidadãos comprometidos com nós mesmos, pois tudo que as cidades nos oferecem são para o nosso próprio uso e diversão.
Vivemos num mundo formado por resíduos e se não estivermos atentos ao seu destino, ficaremos boiando num mar de sujeiras e em pouco tempo não saberemos distinguir o que é limpo do que é sujo e inadequado.
O cuidado com as nossas sobras é de grande valor para nos tornarmos mais adaptáveis ao mundo, às pessoas e a nós mesmos.
Vamos em frente e bom início de semana...




domingo, 25 de janeiro de 2015

O Azedo do Mundo

Muitas vezes as coisas azedam e parece que o mundo desabou na nossa frente, como se num dado momento tudo ficasse sem sentido e o sabor da vitória sem aquele gostinho de novidade e sucesso.
Bem, isso é quando pensamos na vida...
Mas quando pensamos num ônibus lotado, o azedo representa o mal cheiro que as pessoas exalam logo cedo, ainda sem os efeitos do calor de um dia de sol escaldante da cidade do Recife, que parece mais uma sucursal do inferno nessa época do ano.
É incrível como as pessoas não tomam os mínimos cuidados com a limpeza e deixam isso bem notável no aroma que perfuma os ambientes que habitam, causando o sofrimento geral da galera em locais aglomerados e públicos.
Em dados momentos, até pensamos que nós mesmos estamos cheirando mal e o pior é que aquele azedinho fica no nosso nariz, como se fosse um perfume francês de alto poder de fixação. Uma desgraça total, pois notamos que em muitos casos o descuido é o principal motivo da falta de limpeza, já que não se trata de indigentes e nem mendigos, os quais não possuem uma casa para tomarem um banho e realizarem o mínimo de limpeza no corpo suado e cheio das interferências do clima.
Semana passada entrei no metrô e o vagão estava quase vazio, mas o cheiro de suor e grude estavam impregnados e causavam um mal estar naqueles que ali ainda estavam e precisavam daquele espaço para seguirem viagem. O rastro dos imundos ficou presente e deve ter demorado para sair. Há alguns casos que notamos que a sujeira está na roupa, pois esta é usada várias vezes sem que seja lavada adequadamente e isso ocorre muitas vezes em pessoas que usam aquela "farda de ir ao médico" e esta já tem aquele cheio de "defunto sujo", se é que alguém já sentiu esse odor alguma vez.
Eu já senti.
Uma vez fui para um funeral e o homem estava fedendo tanto a suor que tiveram que colocar umas laranjas cortadas em baixo do caixão, num recipiente com água, para amenizar aquele odor, embora o presunto fosse relativamente fresco e não tenha sido "preparado" para receber as últimas visitas aqui na terra. Bastava uma toalhinha úmida com água e sabão para que o corpo ficasse mais aromático, mas isso é um detalhe.
Os vivos nem isso fazem e terminam cheirando como se defuntos fossem e deixando os ambientes com cara de necrotério, tamanho é o azedo e cheiro de podre que axalam. 
Um banho de vez em quando é bom e todos nós agradecemos...
Tenho fé.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Boa Hora

Anda o teu andar sem pressa
Chega, a boa hora é essa
Entra
Puxa essa cadeira
Tem a tarde inteira

Quase que eu perdi o medo
Deixa de guardar segredo
Deita
Espera amanhecer
Sabe como deve ser

Traz de volta a claridade
Parte um sopro de saudade
Senta
Deixa de bobeira
A vida é tão ligeira

A promessa que eu fiz foi diferente
Pois na volta parece que é mais perto
Não há jeito melhor que o jeito certo
Quem quer sombra é melhor jogar a semente
Quando for dar um passo olhe pra frente

Saiba bem do caminho na largada
E não vá se perder com tanta estrada
Não se pode esquecer do objetivo
Não há laço maior que o afetivo
Nem amparo melhor que a madrugada


Letra: Juliano Holanda  - Música: Alessandra Leão

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Risco do Negócio

Para mim o risco do negócio está relacionado ao efeito surpresa que teremos quando vamos empreender alguma atividade e que de certa forma recebe várias influências do mercado e também das pessoas, que podem não receber bem a tal iniciativa e buscarem outras opções mais vantajosas para satisfazer os seus desejos.
É um risco que corremos sempre e fica muitas vezes difícil avaliar o sucesso de algo quando estamos num país que sofre muitas interferências regionais e sazonais, fazendo com que o desempenho seja diferente em vários Estados ou cidades. O que é sucesso e bombação aqui, pode ser um pé na jaca ali e isso é totalmente aceitável com as várias análises de mercado que podemos realizar e que nos auxiliam a pisar em terrenos mais férteis e menos arenosos.
Hoje fui para um audiência trabalhista na qual a motivação da demissão era uma Justa Causa por embriaguez no trabalho, na época da Copa do Mundo, quando um empregado se achou no direito de trazer uma lata de aguardente, beber e ainda causar um acidente. A juíza, na maior cara de pau, me falou que este fato se tratava de um "risco do negócio" e que a empresa não sabia quem contratava e, portanto, poderia ter no seu quadro vários empregados com distúrbios diversos e até doenças graves, já que muitas coisas não são detectadas nos testes psicológicos e exames admissionais. 
Ficou me incentivando a fazer um acordo com o reclamante e já adiantando o julgamento que faria, dizendo que o entendimento dela era que a justa causa não era aceitável já que ela considerava a embriaguez como uma doença. 
Eu simplesmente respondi: Excelência, não tenho intenção de fazer acordo porque mesmo sabendo do "risco do negócio" não posso ser conivente com ele e deixar que ele atrapalhe as atividades da empresa.

A CLT, no seu artigo 482, fala o seguinte:

  • Embriaguez – É considerada pelo consumo voluntário de álcool ou drogas, que leva a alteração psicológica do funcionário, inabilitando-o ao exercício da função, podendo colocar em risco a sua vida e a de colegas. 
Se o empregado causou um acidente, bebeu durante o exercício das suas atividades, descumprindo normas internas e ainda comprometendo o andamento do trabalho, vejo que se trata de um ato passível de demissão por justa causa, mesmo que seja considerado como doença. Algumas doenças, como a loucura, paranoia, síndrome do pânico e outras alterações mentais realmente não devem ser consideradas numa justa causa, mas para o caso do empregado do processo que citei, o fato mais relevante foi realmente a falta de compromisso para o trabalho, uma vez que ele não tem histórico algum de doença crônica causada pela embriaguez.
Respeito o direito de cada um achar o que quer e de ter o entendimento necessário sobre o que a lei fala, mas generalizar a ponto de considerar um ato desses como um "risco do negócio" já é demais. Risco do negócio é o absenteísmo, a variação cambial, a oferta de mão de obra, o mercado, a inflação, os cliente, fornecedores...
Safadeza para mim não é risco do negócio e tenho que enquadrá-la como tal, ou seja, com uma pena ajustada e que mostre a total falta de concordância do empregador com o fato, agindo conforme a lei orienta e determina nas suas diretrizes.
O ruim da justiça brasileira é que ela é tendenciosa, paternalista e alguns juízes terminam usando isso como subterfúgio para fugirem da sua responsabilidade de julgar fatos com maestria e neutralidade. Queria ver se fosse na casa dela se ela iria achar isso um risco do negócio...
Certamente não.
Faço meu trabalho com toda a determinação possível e só acato uma demissão por justa causa quando vejo que temos provas suficientes para realização da ação. Meu risco do negócio é o cuidado que tenho para que tudo esteja em ordem e dentro da normalidade que possibilite bons retornos financeiros e motivacionais, pois é disso que qualquer empresa precisa, mesmo com um risco alto e que por alguns momentos comprometa a sua perpetuação dentro do mercado.
A falta de compromisso, porém, é o pior risco de negócio que podemos encontrar, pois ele invalida atividades e faz com que situações de risco sejam geradas, as quais não podem ser acatadas com um olhar permissivo dos fatos sem que nenhuma atitude seja tomada. 
Garantir direitos é muito bom, mas cumprir deveres também é algo excelente e muitas vezes a justiça esquece disso, agindo de forma unilateral e trazendo somente para as empresas a responsabilidade de pensar em tudo e com isso sofrerem com a embriaguez momentânea das pessoas sem noção e que não assumem as suas devidas responsabilidades naquilo que executam diariamente.
Agindo com honestidade e comprometimento, o risco do negócio é zero.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Donos da História

Somos donos da nossa história e cabe a nós fazermos o melhor para que os acontecimentos possam surgir de uma forma atenuada, gerando ótimos resultados e nos mostrando que as nossas colheitas dependerão do nosso plantio de agora, onde todos os esforços possibilitem um desenvolvimento mais pleno daquilo que acreditamos ou pensamos saber bem.
Quando vamos moldando a nossa vida, temos que perceber que em nenhum momento ela será isolada e sempre contará com as contribuições diversas das pessoas que estarão ao nosso lado e farão de tudo para fazerem parte do nosso enredo, seja de uma maneira boa ou ruim.
O centro das atenções será sempre nós mesmos e faremos isso com mais cautela se estivermos atentos aos detalhes que nos possibilitam brilhar sem perder a humildade e calma nos momentos mais conflitantes e que precisam do nosso apego e vistoria constantes.
Quem iremos encontrar, as formas que adotaremos e os deslizes que acontecerão na nossa vida serão de grande importância para sabermos por onde estamos andando e como podemos encontrar saídas para as nossas diferentes formas de observação de um mundo que não para de evoluir e nem sempre nos traz os resultados esperados. 
Não são todas as horas que acreditamos nas nossas próprias atitudes e fazemos isso sem perceber que as escolhas feitas no passado foram as mais decisivas para que muitos acontecimentos pudessem ter efeito real e se tornarem parte de nós mesmos, onde cada nova visão fica mais clara e reflete positivamente em todas as nossas escolhas, ainda que controversas.
Não adianta fugirmos do nosso destino quando já o traçamos de forma bem determinada, seja plantando o que é bom ou semeando o que não presta. A realidade virá em breve e fará com que as desilusões e acertos da vida sejam vistos com maior ou menor intensidade, dependendo do nosso poder de comprometimento. As habilidades que temos hoje não são perenes e temos que nos preparar para os tempos de pouca força ou quem sabe baixa criatividade, por acharmos que já conquistamos tudo e que não precisamos de mais adaptações para vivermos bem e felizes com as nossas escolhas e frutos.
A carne do pescoço pode até ser pouca, mas é saborosa quando desfrutamos bem dela e fazemos desse pequeno prazer uma grande forma de evoluirmos com o que a vida tem de melhor e que pode ser aproveitado a todo momento sem que possamos ficar esperando pelo momento futuro oportuno, o qual muitas vezes nem acontece.
Se ficarmos esperando sempre o melhor momento para darmos início a nossa história de vida, teremos poucas chances de encontramos a felicidade e com ela aproveitarmos o que realmente há de bom e que não precisa de intermédios.
Com um texto primoroso, a peça teatral "A Dona da História" me deu inspiração para escrever hoje e cada palavra dita durante a apresentação mostrava como a vida pode ser bem melhor se estivermos nós mesmos presentes em cada momento, fazendo parte da nossa própria história e jamais deixando que a escrevam por nós.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Bocão

Resolver assuntos apenas com barulho não gera nenhum fruto, mas é essa a atitude que muitos tomam e terminam criando confusão ao invés de solução. Se não temos a intenção de resolver algo, não vale a pena ficar fazendo desordem e agonia desnecessária, pois não irão possibilitar para ninguém uma satisfação benéfica e que ajude a termos o melhor nas nossas vidas.
Quando queremos resolver algo, vamos direto ao ponto, buscamos a fonte do problema, achamos as interferências, sugerimos soluções, verificamos as nossas falhas e criamos meios de melhoria para que tudo seja solucionado. Se a intenção é outra, iremos somente gritar e abrir o bocão para que o ventilador coloque no ar todas as broncas existentes, de forma quebrada e bem mais difíceis de serem solucionadas em tempo hábil e com grande efetividade.
Estava escutando no rádio um programa que faz basicamente isso e vi que a intenção do radialista não era solucionar nada e sim criar um falatório desnecessário do que parece muito simples e que fica inflamado com a forma caricata dele falar e de distribuir a história para a sociedade. 
Eu acho que é um programa de comédia e não de utilidade pública.
É justamente isso que acontece quando tratamos assuntos relevantes com desdém, pois o que era sério termina se transformando em piada e servindo como uma forma de divertimento e não de comprometimento. Ao invés de ajudarmos a sociedade, terminamos atrapalhando e fazendo com que esta fique ainda mais complicada.
Assim também é na nossa vida pessoal e profissional, pois o que mais percebemos são pessoas que não querem resolver nada, mas sabem exatamente a hora de abrir o verbo e dessa forma contribuírem para a desgraça total de muitas situações simples e que se transformam em banalidades ou em problemas de pouca solução devido ao descaso e falta de apego ao que realmente interessa.
Solucionar é uma palavra chave para aqueles que querem mudanças, mas também pode ser uma farsa para aqueles que não buscam sair do lugar comum e só fazem barulho por muito pouco ou para mostrarem a sua total falta de competência para solucionarem coisas simples da vida e que precisam somente da nossa visão diferenciada em alguns momentos.
Tocar o trombone é bem melhor do que só colocar a boca nele, não é mesmo?

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Museu do Estado de Pernambuco

O Museu do Estado de Pernambuco reabriu suas portas após uma pequena reforma no seu acervo e depois de uma tentativa frustrada de conhecer o espaço, fui, neste final de semana, apreciar um pouco da arte que lá está, a qual retrata a vida aristocrática do período colonial através de móveis, objetos, retratos, pinturas, roupas, arte sacra e utensílios domésticos.
A casa serviu de moradia para o Dr. Augusto Frederico de Oliveira, o Barão de Beberibe. Lá encontramos vários ambientes, onde a riqueza de detalhes impressiona e faz com que tenhamos um retrato fiel de como a vida era cheia de requinte naquela época, desde os aspectos mais simples, como uma simples refeição, ou até pelas salas de lazer ou ambientes mais íntimos, que formaram os quartos da imensa casa situada na Avenida Rui Barbosa, no bairro das Graças, local onde ainda encontramos muitos casarões antigos, que retratam a vida que surgiu na cidade do Recife no período da colonização.
Muitos objetos merecem destaque, como a coleção de arte sacra e o acervo de pratos e talheres, em perfeito estado de conservação e postos em mesa de grande tamanho, em madeira de lei. Os móveis mostram cadeiras, mesas e o detalhismo em cada parte, pois as madeiras usadas para a sua composição receberam um tratamento diferenciado e foram caprichosamente esculpidas para proporcionarem além do conforto muita beleza.
Há uma grande coleção de vasos e objetos de louça, além das variadas porcelanas chinesas com todos os seus detalhes e coloridos inconfundíveis. Alguns lustres antigos iluminam os ambientes e terminam sendo o destaque em alguns ambientes, pois fazem com que o brilho dos cristais seja visto com mais intensidade e possa fazer a diferença em tudo que iremos observar.
O espaço é dividido em dois andares e visitar o acervo se torna algo incrível e com imensa satisfação, já que a história de Pernambuco e do Brasil é contada tendo como colaboradores os costumes e os diversos objetos que faziam parte da vida das pessoas naquela época tão promissora e que nos influencia até hoje com todas as suas formas e características. 
Anexo ao casarão, há o Espaço Cícero Dias, que apresenta exposições variadas e tem obras belíssimas do artista, as quais mostram a sua intensa e crescente capacidade de dar vida ao que parecia esquecido. Algumas telas parecem que falam conosco e o colorido de algumas delas nos faz ter a confirmação que o artista é sempre iluminado por dons divinos e cada um, do seu jeito, fazem bonito na história do mundo e comportam muitas realidades diferentes.
Gosto deste tipo de visita e ainda mais quando posso perceber que a conservação dos itens expostos foi realizada de forma adequada e nos trouxe grandes oportunidades de aprimoramento de conhecimentos e dos costumes, o quais são peças essenciais para que as sociedades se desenvolvam e criem seus próprios meios de perpetuação. Mais um lugar do Recife que ainda não conhecia, mesmo após 15 anos vivendo por aqui. Sempre passava em frente e nunca tive a chance de conhecer, pois até pouco tempo o espaço era aberto somente durante a semana e ficava fechado aos sábados e domingos, algo que limitava a visitação e fazia com que o prédio só fosse lembrado para servir de pano de fundo para as tradicionais fotos de formatura, prática que inclusive estava sendo feita neste último domingo,
Deixo aqui no blog algumas fotos do espaço para retratar um pouco do que falei e de como a sofisticação era bem presente naquela época, algo que ficou perdido com o tempo e que em muitos momentos só resgatamos nestes tipos de visita, onde o contato maior é com a vivência que se transformou agora em arte pura e com grande destaque.














































Segue o Caminho do Boi da Macuca

O São João do Boi da Macuca, na cidade de Correntes, Pernambuco, acontece anualmente e reúne grande quantidade de pessoas que buscam nos fes...