domingo, 2 de março de 2014

Cadê os Papangus?

Brinquei o carnaval em Bezerros há oito anos e naquela época os reis da festa eram os Papangus, com o seu desfile de criatividade e de fantasias que sempre usam os temas da atualidade para mostrar ao público mais uma tradição do Carnaval Pernambucano. Era um tempo bom, pois havia espaço nas ruas para se locomover, as troças não eram atrapalhadas pelas caixas de som enormes que as pessoas colocam na frente das casas, o trânsito não era tão infernal e os Papangus realmente eram vistos.
Vi muitos Papangus, não vou negar, mas eram poucos se formos comparar com um passado não tão distante assim. Tudo que tem muita publicidade termina desse jeito, pois as pessoas invadem de vez aquilo que era muito bom e trazem uma série de vícios que poderiam ficar em casa uma vez que só atrapalham a festa e fazem com que uma tradição fique um pouco perdida no tempo.
Os Papangus que concorriam a prêmios estavam jogados na multidão e ainda não pensaram num espaço decente para acomodá-los naquela imensidão de festa que agora tem palcos variados. Preferiram valorizar os shows quem nem sempre tocam a nossa música e deixar que os Papangus se virassem naquela multidão, onde não há espaço para uma boa apresentação dos trabalhos que levaram meses para serem desenvolvidos.
Sim, as pessoas lá brincam carnaval agarradinhos. Dançam frevo como se fosse forró e há barracas com shows deste ritmo, quem sabe anunciando o São João que vem por aí. Só pode! O Brega é uma doença nas ruas e o som altíssimo toca aquelas músicas que falam das mulheres raparigas e dos homens cornos, botando todo mundo para dançar de uma forma desencontrada e que termina comprometendo a passagem das agremiações. 
Bezerros tem um carnaval grande, rico culturalmente, mas precisa organizar a sua festa e fazer desse evento um momento mais saudável para os visitantes, pois com essa agonia toda que vi hoje, não tenho a menor certeza do futuro dos Papangus e de como eles poderão sobreviver a tanta bagunça nas ruas. Carnaval é isso mesmo, infelizmente, e querer que a festa seja calma é sonho da minha parte, mas bem que a organização poderia ser melhor e novos meios de suportar tanta gente deveriam ser pensados para que a animação não perca o rumo e se torne um programa de índio.
Mesmo assim, valeu o passeio e pretendo um dia voltar. Não sei quando, mas volto...












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