terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Tatuagem

O filme Tatuagem, do diretor pernambucano Hilton Lacerda, é uma diversão do começo ao fim, embora a estória de amor tão anunciada pela mídia perca espaço para a transgressão e traições. Na verdade não vi o filme como um conto de amor e sim como uma demonstração artística louvável, com cenas irreverentes e muita criatividade, seja nos figurinos, cenários e trilha sonora.
A trupe de artistas que animam o Chão de Estrelas mostram conteúdo de sobra para incomodar a ditadura e com isso fazer com que sejam proibidos de mostrar sua arte para o público que lota as apresentações realizadas com muitas cenas, textos e músicas.
Personagens caricatos, brilho e diversificação mostram as várias formas de se fazer um filme simples, mas com grande competência, embora tenha percebido que a montagem e continuidade de algumas cenas tenham sido mal conduzidas, deixando no ar algumas situações que poderiam ter um desfecho melhor, como foi o caso da estória de amor entre os personagens principais e algumas alternâncias entre o drama e a comédia. A tatuagem rudimentar que é feita na carne de um deles é a demonstração fiel desse amor incompleto e cheio de altos e baixos, onde a inocência na verdade não existe mais e o lobo se torna um carneirinho quando encontra um amor que toque o seu coração.
Gostei da música, dos figurinos alternativos, das mostras de competência interpretativa da maioria dos atores e muito feliz por saber que tudo aquilo foi feito em Pernambuco, com o nosso sotaque e paisagens. Quando estreou aqui no Recife, as salas de cinema ficaram lotadas e deixei que a agonia passasse para que eu pudesse desfrutar um pouco mais do filme com calma e sem ter que enfrentar muitas filas. No último domingo fui lá conferir e ainda havia um público considerável, se considerarmos o horário mediano que foi colocado em cartaz.
Considero o filme uma perfeita obra de arte em favor da ousadia e também da forma de mostrar a transgressão e vontade de saber exatamente o significado da palavra democracia e o que ela representava naquela época tão carente de informações e de demonstrações de euforia e revolta, onde a arte era a aliada mais forte e fazia com que as pessoas pudessem mostrar os seus corpos estrelados, buscando com isso ter a atenção e diferencial que eram negados pelos comandantes da nação.
A Tatuagem que o filme nos traz é bem mais forte do que possamos imaginar e marcará para sempre a produção cinematográfica no nosso Estado, fazendo com que Pernambuco tenha destaque pleno nas artes e seja visto como um representante de peso na Nação que a cada dia aprende um pouco mais sobre democracia e suas várias formas de expressão.

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