segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Gonzagão e Gonzaguinha

O filme "Gonzaga, de Pai para Filho", mostra a relação conturbada de dois mestres da música nacional e como foi difícil chegarem a um denominador comum quando as relações afetivas e dúvidas falavam mais alto. A música foi esta união e fez com que todo o filme tivesse sentido e mostrasse uma história bem contada, cheia de links musicais com os acontecimentos de época.
Ao contrário do que muitos podem imaginar, o filme não traz a carreira de Luiz Gonzaga como fonte principal de inspiração, pois se assim fosse teria mostrado personagens importantes na sua carreira, a exemplo de Dominguinhos e Elba Ramalho. O diretor Breno Silveira deu importância a relação de pai e filho e fez do filme um drama com pitadas de música. É interessante conhecermos alguém tão famoso de outra forma, pois assim percebemos que os defeitos e problemas pessoais não são característicos somente dos anônimos e acomete muitos famosos que conhecemos. Luiz Gonzaga foi um deles.
A dúvida sobre a paternidade criou um certo distanciamento entre pai e filho, mas a vocação para a música foi mais forte que o anel de doutor que tanto era falado nos diálogos que os atores traçavam e serviam de desculpa da vida real para que eles se distanciassem tanto, já que Gonzagão proporcionava um futuro melhor para o filho, enquanto este precisava de algo bem mais simples, que era o amor.
O amor, mesmo distante nos momentos iniciais da relação que foi se formando a partir de uma conversa franca entre pai e filho, foi o início de uma cumplicidade musical que foi traduzida numa turnê vitoriosa e que elevou a carreira de ambos. 
Os atores que deram vida aos personagens são convincentes demais e em alguns momentos pensamos que são os próprios interpretando eles mesmos. As semelhanças são muito grandes e impressiona qualquer pessoa que assistir ao filme. As mais de duas horas de filme passam serenas e fazem a plateia chorar em vários momentos, pois foi o que vi na sessão que assisti, já que muitas pessoas terminavam se comovendo e relembrando os momentos dos dois grandes ícones da nossa música e que até hoje inspiram muitas pessoas e artistas.
A vida deles acabou praticamente em conjunto, pois quando um se foi o outro tratou de partir também e a diferença foi menor que 2 anos. Em pouco tempo perdemos duas pessoas que tiveram muito tempo para se reconciliar e pouco tempo para permanecerem juntos, mostrando o seu talento. 
O que percebemos é que o Gonzagão foi bem na carreira, mas por talento do que por organização. Ele era uma pessoa que não tinha muita habilidade com números e letras e fazia do improviso a melhor forma de traçar a sua carreira que teve altos e baixos, mas conseguiu ser reconhecida por todos nós e chegar ao grande público de uma forma grandiosa e que até hoje faz referência. O filme, assim como outras manifestações ocorridas neste ano, mostram as várias formas de homenagear este grande artista no ano que seria o centenário do seu nascimento. Lembro do anúncio de um dos seus últimos shows, no Teatro Guararapes, quando ele já estava um pouco doente e fraco. Vi pela TV imagens que o mostravam um pouco abatido e cantando sentado, pois o peso da sanfona já era demais para ele, que passou a vida toda com ela, tocando, dançando e animando cada ponto do Brasil.
O registro desta história de dor, amor e música foi benfeito e certamente fará muito sucesso nas telas do Brasil e do mundo. Lindo de se ver e de cantar. 

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