quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Capitães da Areia

Ontem assisti "Capitães da Areia", filme da produtora e diretora Cecília Amado, neta do autor do livro homônimo lançado na década de 30 e que fala da vida de vários adolescentes que viviam pelas ruas de Salvador praticando pequenos delitos e vivendo em ruínas de casarões. O enredo não ensina nada de bom a ninguém, pois o tempo todo notamos crianças fazendo o que há de pior na arte de enganar, roubar e criar confusão.
O que o filme tem de bom e lindo são as cenas bem montadas, a fotografia espetacular, a reconstituição de época primorosa, a fidelidade à obra de Jorge Amado e, principalmente, a harmonia das personagens que falaram tão bem o que foi dito no livro. Era como se estivéssemos realmente lendo o texto e com muita riqueza de detalhes, que em filmes originários de livros ficam muito a desejar.
O sincretismo e a religiosidade que sempre foram marcas bem presentes nas obras de Jorge Amado não faltaram e o candomblé esteve bem representado com suas baianas, orixás e rezas.
O mar não faltou e foi um dos elementos essenciais para que a trama tivesse realmente significado e pudesse comover o público que se deliciou com as ondas e embarcações retratadas no filme. Salvador esteve bem representada com os seus monumentos históricos, com a sua beleza de arquitetura e também com as suas lindas igrejas, embora a maior parte das cenas tenha sido feita no Largo do Carmo.
Este filme marca o início das comemorações pelos 100 anos de nascimento de Jorge Amado e digo que foi um belo início, pois a produção impecável e os detalhes de cada personagem fizeram o filme se tornar inesquecível e já ter nome guardado na história do cinema nacional.
Eu sou até suspeito para falar, pois admiro o autor e a forma como ele retrata seus personagens, especialmente as mulheres e figuras características da Bahia, que nas suas letras ganham vida mais abundante e não ficam esquecidas na mente de ninguém.
Assim como a Dora virou uma estrela, espero que o sucesso do filme seja realmente grandioso e possa reverter a péssima sensação que tive ontem, pois na sala que eu assisti o filme, estavam mais 5 pessoas além de mim. Uma vergonha se formos verificar a qualidade do material exibido e também a beleza da nossa história sendo retratada na tela.
Infelizmente os filmes com maior apelo comercial ganham filas e filas de adeptos que não se preocupam com o enredo e com uma boa montagem e sim com as cenas banais e corriqueiras que são exaustivamente repetidas em cada novo filme importado pelo Brasil.
Vejam o filme e não se inspirem, pois o tema trata de delinquentes juvenis, de prostitutas, de cafetões e não de pessoas que possam nos inspirar. Assistam pela beleza da obra, pelos detalhes e por tudo que Jorge Amado nos deixou.
Adorei rever as ruas que passei há pouco tempo quando visitei Salvador e gostei ainda mais de ter visto as redondezas do local que fiquei hospedado, no Pelourinho, no Alto da Ladeira do Carmo.
Só boas lembranças...

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