quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Perda Total

Imagine não ter quase nada e ainda ter que perder isso...
Foi esta sensação que tive quando vi uma reportagem sobre um incêndio que atingiu uma comunidade ribeirinha, às margens do Rio Capibaribe, no bairro da Torre. A situação irregular em que viviam agravou o problema e fez com que tudo fosse perdido com mais facilidade, tamanha era a quantidade de casas edificadas a partir da madeira e materiais altamente inflamáveis como plástico e papel.
Era triste ver a situação das pessoas que perderam tudo e que não tinham sequer uma roupa para vestir. O fogo havia consumido tudo. Uma vez, na minha adolescência, vivi algo parecido quando um incêndio quase destruiu o ponto comercial que meus pais tinham em Garanhuns. Ficamos quase um mês sem trabalhar e a nossa preocupação era grande, embora todos os nossos itens de venda tivessem sido preservados e podíamos contar ainda com tudo que precisávamos para reabrir a loja. 
O caos estava ao nosso redor, pois devido ao incêndio, muitas interdições foram feitas e geraram uma reforma em estabelecimentos próximos, já que a rede elétrica ficou danificada. Ainda trabalhamos alguns dias sem iluminação e aos poucos fomos resolvendo as situações que nos limitavam, mas não foi fácil.
O fato de imaginar que poderíamos ter perdido tudo era muito marcante, nos deixava aflitos e fazia com que o medo ficasse presente em cada momento, nos fazendo valorizar ainda mais aquele sustento que tínhamos, uma vez que era a nossa única fonte de renda.
Passou com o tempo essa sensação ruim e melhoramos.
Imagine para quem perdeu tudo e não sabe nem o rumo que tomar na vida, estando com filhos e objetos pessoais perdidos num monte de entulho queimado?
Não é fácil e recomeçar se torna uma tarefa complicada, mas necessária.
Levantar a cabeça e buscar forças pode ser a nossa única saída, mas temos que nos apegar a este fio de vida para podermos organizar tudo novamente. 
Seguir em frente e não desistir, ainda é o melhor remédio.

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