A Mixturada Brasileira de Carlinhos Brown, título do seu novo CD, tem de tudo, menos voz. Ela até existe, mas fica confusa em meio a tantos sons, mixagens e arranjos eletrônicos. O álbum é muito bom para quem deseja realizar uma festa com ritmo, onde as pessoas não se importem muito com a voz do artista, pois até a Ivete Sangalo, que tem voz poderosa, ficou perdida na participação especial que fez em uma das faixas.
Gosto muito do artista, acho ele sensacional, criativo e com voz bonita quando canta músicas mais suaves, mas neste CD achei que ele passou do ponto e deixou as faixas com misturas demais, causando um pouco de irritação para quem escuta. Ir até o fim é algo complicado e só consegui quando baixei o volume e permiti que o som ficasse ambiente. Em tons mais altos, só se for em um local dançante e espaçoso. Em casa, causa desconforto, inquietude.
São treze faixas com sonoridades parecidas e muitas mixagens, onde ele coloca muita criatividade à favor do ritmo e só. Acharia que a mistura de ritmo e voz teria ficado bem melhor, pois é sempre bom escutar a voz dos artistas e ainda mais quando eles fazem um trabalho diferente e ousado.
Algo parecido fez o Edson Cordeiro ao lançar nos anos 90 o CD Clubbing, no qual misturava a sua veia lírica aos ritmos eletrônicos de uma forma brilhante e sem fazer com que o seu maior poder, a voz, ficasse obscurecida e abafada. Os arranjos foram complementos e não suplementos.
Carlinhos Brown consegue ser um bom arranjador e produtor, mas como cantor nunca teve muito sucesso aqui no Brasil e algumas vezes no exterior teve uma carreira bem mais marcante do que em terras nacionais.
A faixa mais interessante é um funk bem dançante chamado "Fofoqueira". Gostei dessa faixa, somente. As demais nem percebi a voz e por isso a minha decepção.
