A liberdade de expressão é um direito que todos nós temos e está garantido pela Constituição Federal, embora muitas vezes tal característica fique perdida no tempo por estar amparada por credos ou costumes que não levam a nada e somente polemizam assuntos que não deveriam ganhar tanto apelo midiático.
No Festival de Inverno de Garanhuns deste ano, uma polêmica foi gerada por uma apresentação teatral que retrata Jesus Cristo de uma forma diferenciada, como se este fosse um transgênero. Não cabe a nós interferir na apresentação, mas entender o ponto de vista que cada um tem sobre os diversos assuntos que influenciam a sociedade moderna. Se é desrespeito ou não, temos que tratar da melhor forma possível e não impedindo ou agredindo a artista com palavras desnecessárias.
Se não aprovo, não vou e pronto.
No meu ponto de vista, maior seria a rejeição se o teatro ficasse vazio, sendo contrário às milhões de mensagens escritas em redes sociais. Seria pior a artista não ter plateia ou ser colocada na mídia a todo momento através da polêmica gerada pela temática da apresentação teatral?
Sem querer, elevamos o tom da conversa sem que esta seja necessária.
O teatro surgiu para isso mesmo: para mostrar novos pontos de vista e para fazer a sociedade sair do lugar comum, percebendo novas formas de entender o mundo e com isso aprender que nem tudo é tão uniforme e correto como imaginamos.
Desde os tempos que morava em Garanhuns que acompanho o Festival de Inverno e já vi muitas situações chocantes acontecerem, sem que nenhum alarde fosse feito para que as apresentações deixassem de acontecer.
Quem não concorda com a apresentação, não precisa comparecer, mas deve respeitar o direito que todos possuem de colocar o seu bloco na rua, mostrando as suas interferências sociais e seu grito de entendimento sobre assuntos que sempre são melindrosos quando são falados.
Quando eu era criança, alguns temas eram vistos de forma agressiva e algumas pessoas ficavam marginalizadas somente pelo fato de serem aquilo que são desde nascimento. Hoje tudo mudou e encontramos situações muito melhoradas por onde andamos e percebemos que algumas verdades passaram a ser mentiras e algumas mentiras passaram a ser verdades.
O fato é que estamos regredindo a cada dia, seja com as diversas agressões artísticas que muitos fazem sem necessidade ou pela falta de liberdade para conversarmos e visualizarmos assuntos que não deveriam ser vistos com olhos tão incompreensivos. Se de um lado existe a sociedade que reprime o teatro, de outro encontramos os atores que não fazem arte e sim um grande lixo cultural, colocando em evidência a total falta de preparo para lidar com alguns assuntos.
Que fique bem claro que não estou dizendo que a peça é um lixo, pois da forma como tudo é divulgado hoje, não admiro nada que o meu texto se transforme em algo ruim, o que não é a intenção. Apenas falo que sempre haverá bons e maus profissionais, em todos os campos, inclusive no teatral.
Eu não proibiria a exibição da peça teatral, mas não iria assistir. Para mim, o assunto é um "More" enquanto a moda de tudo ser visto como transgênero é um "Folkway". Não podemos proibir e cabe a cada um escolher o que quer ver. Se não gosta, não pague o ingresso, mude o canal, evite o espaço, siga outros caminhos...
Agressões verbais não levam a nada e o respeito comum ainda é a melhor solução para todos os nossos problemas. Quando a sociedade aprender este detalhe da vida, saberá lidar melhor com as diferenças e com a vida como ela realmente é.
Temos a função social de interrogar e não de exclamar desnecessariamente, proibindo tudo que aparece de diferente e que nos tira do lugar comum. Se não acontecessem pensamentos diferentes a cada dia, jamais teríamos evoluído e ainda estaríamos vivendo na idade da pedra, sem saber direito o que é isso ou aquilo e sem o mínimo de preparo para entender a grandiosidade do mundo e de todas as suas informações.
Sejamos a alegria dos homens e não a sua desgraça! Todos somos livres e merecemos respeito.
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