O CD "O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui", do músico Emicida, é um boa opção para quem gosta de escutar um rap diferenciado e com revolta moderada, já que esta é a característica mais gritante nas letras que geralmente encontramos neste estilo musical.
Com participações de Tulipa Ruiz e Pitty, o álbum mescla canções reflexivas e com muita crítica social, onde as perdas e personagens que encontramos na vida real terminam sendo a inspiração para muitas falas e melodias.
Assimilar bem as informações repassadas é bem fácil e cantar as músicas também, ao contrário do que mais encontramos nos artistas deste segmento, onde as intermináveis melodias podem até ser escutadas, mas cantadas com exatidão é bem mais complicado, devido ao grande número de informações que se repetem e geralmente focam na exclusão social, racismo e violência urbana.
Outro dia estava escutando uma música do "Vitor Pirralho", um grande artista do rap nacional, e fiquei impressionado com a riqueza de informações que estavam descritas na letra, mas que dificultavam muito o canto, já que exigiam muita fluência verbal e ritmo acelerado.
Com o Emicida isso ocorre de forma bem mais calma e as letras vão surgindo suavemente, facilitando muito o entendimento e gosto pelo ritmo. É difícil gostar do rap quando estamos acostumados a outros sons e ainda mais por ser este pouco divulgado no Brasil, local que valoriza bem mais os ritmos brejeiros e populares.
Vejo o CD como um glorioso início e o título é excelente, já que mostra a realidade desses artistas que ainda carecem de um destaque maior no cenário nacional, ainda pouco preparado para as melodias que o rap apresenta.
É um ritmo visto como marginal, mas não vejo assim...
Se analisarmos as letras, veremos que o rap é bem mais profundo do que imaginamos e saber realmente o seu significado não é algo que envolve uma simples composição, mas sim uma vivência profunda numa sociedade cheia de complicações e interferências.
Ouçam, com muita atenção...