A quarta-feira de cinzas chega trazendo todas as lembranças do carnaval e também o cansaço para quem brincou todos os dias da festa mais popular do mundo. É quando toda a aparelhagem é desmontada, o Galo da Madrugada se recolhe, as fantasias são postas para lavar, a gripe e a conjuntivite tomam conta de algumas pessoas ou quando a pior coisa nos acomete: a preguiça de retornar às atividades cotidianas.
Ontem um folião, numa entrevista para a TV, falou que o carnaval deveria ter 6 meses de duração. Imagine como o Brasil estaria após tanto tempo de folia? Toda a economia nacional teria sido consumida pela compra de fantasias, cervejas, água, refrigerante e comidas diversas. O consumo é alto nesta época, pois do mesmo jeito que as pessoas brincam, também querem abastecer as energias para continuar dançando ao som dos ritmos que freneticamente invadem o carnaval.
Esse ano o "Lepo Lepo" tocou bem menos do que eu esperava, pois esta era a música mais executada nas rádios antes do carnaval. Talvez isso tenha ocorrido porque o carnaval do Recife, neste ano, foi bem regional e trouxe o frevo como chama maior de uma festa que reuniu também afoxés, maracatus, caboclinhos, samba e muita descontração.
O "Lepo Lepo" mesmo ficou nas agonias nos pontos de ônibus, na sujeira em geral, nas bebidas em excesso, no cheiro de urina nas ruas, enfim, no saldo do carnaval. Agora é levantar a cabeça e voltar ao normal, pois a vida nem sempre é uma fantasia animada, cheia de cor e brilho. Precisamos sempre colar uma lantejoula que caiu, uma pluma que perdeu a leveza ou quem sabe uma costura que foi desfeita.
A sombra que o fim do carnaval traz é para muitos uma forma de morte, já que buscam nestes dias ter a vida que nunca puderam ou quem sabe sair da morte em que vivem usando as mais variadas formas de divertimento, como se não existisse outros dias para isso.
Ano que vem tem mais...
Aqui no Recife o carnaval deve durar até o próximo final de semana, sem a intensidade dos dias oficiais, mas com força. Ainda temos o Bacalhau do Batata nas ladeiras de Olinda e o Camburão da Alegria no próximo domingo. Agora é pensar nas fantasias do ano que vem e torcer para que a disposição esteja mais alta, fazendo com que todos possam pular novamente e ter as mesmas lembranças do que passou, brilhou e se apagou.