Muitas vezes o excesso de criatividade ou a falta de dinheiro nos fazem criar algumas engenhocas para nos ajudar em assuntos práticos do cotidiano e isso é bem mais comum do que possamos imaginar, embora o sucesso seja duvidoso já que algumas delas resolvem os problemas dos donos mas afetam a vida dos outros.
Um vizinho pode solucionar sua vida de uma forma criativa, mas pode afetar o próximo se não observar os detalhes e as interferências que irão contribuir para o seu feito, pois nem tudo que realizamos fica isolado e contando somente com a nossa contribuição.
Algumas invenções são simples e não prejudicam ninguém, porém se forem colocadas em locais inadequados afetam a paisagem de determinados espaços e compromete até o meio ambiente dependendo dos resíduos que serão gerados e que não são levados em consideração na hora da criação.
Quando achamos algum projeto irregular nas nossas andanças diárias sempre pensamos que o engenheiro que o idealizou, calculou e executou estava de porre no dia ou agiu de forma estúpida sem pensar em nenhuma consequência danosa para tais feitos que parecem mais "puxadinhos" do que obras e verdade.
Se você passar em bairros mais humildes verá a quantidade de engenhocas que são realizadas para vencer a pobreza e como o homem se torna criativo diante das dificuldades que enfrenta, mesmo não observando os perigos que poderá causar a si mesmo ou aos outros. Um fio mal posicionado, uma casa mal edificada, um poço furado de forma inadequada ou até um enfeite mal adaptado podem ser vários exemplos das incríveis engenhocas que encontramos e que terminam sendo vistas como oficiais neste imenso mundo das falsidades e adaptações.
Quando uma invenção é usada para o bem é algo espetacular e percebemos que a engenharia na verdade é um estado de espírito e todos nós possuímos ele quando queremos ajustar nossas falhas ou quando percebemos que nos faltam oportunidades disponíveis e formas mais fáceis e rápidas de executar o que nos perturba a mente. Tratamos logo de consertar algo ou achar o caminho mais fácil, que é o da adaptação, desenvolvendo um projeto que faça ter vida a engenhoca que criamos e que agora se torna útil por algum tempo, muito tempo ou eternamente.
O texto de hoje foi inspirado nas engenhocas dos pescadores que encontrei na Praia de Jacarapé, na Paraíba, pois para vencerem as dificuldades criavam artefatos engraçados para serem utilizados no mar, embora a sua forma de uso agredisse um pouco o meio ambiente, já que muitos resíduos ruins eram deixados por onde passavam.
O ancoradouro feito de pneus velhos foi a melhor de todas as engenhocas que vi na minha viagem. Não é muito bonito, mas amortece e faz com que os pequenos navios não sejam levados pela maré e nem fiquem sendo estragados na margem pelo vai e vem da água que os faz flutuar, mas se for mal dimensionada pode os levar ao naufrágio.
Já pensou na sua engenhoca de hoje?