Aos 73 anos, Dona Onete lança seu primeiro CD que reflete modernidade e raízes bem brejeiras sem que isso possa parecer impossível. As letras falam de amor, das tradições do Pará, sua terra natal, mas os arranjos são feitos com toques especiais e eletrônicos, deixando tudo muito bem organizado e fazendo com que ela desponte para o sucesso e nos apresente um trabalho digno de elogios.
O Pará está sempre nos mostrando grandes talentos e cada um do seu jeito mostra que é possível fazer boa música, com simplicidade e muito ritmo. A primeira faixa do CD fala do "Poder da Sedução" num tom forte, sedutor, embriagado. Já a segunda nos leva a lembrar do carimbó, só que de uma forma atualizada, com ritmos mais leves e dando espaço para os instrumentos de sopro ao invés da percussão.
As demais faixas vão passando pela cumbia, lambada e lembram as radiolas de ficha dos "pega bêbo" que encontramos por aí.
Ela fez uma bela participação no CD de estreia da Gaby Amarantos e naquele momento já mostrava as suas raízes negras e bem tradicionais. É bom saber que o Brasil nos proporciona tantas opções musicais e nos faz tremer como a "Jamburana", que é uma das faixas e que retrata um ritmo louco e alucinado, temperado com o jambo e o tucupi.
Quando eu era criança, o Pinduca era o rei do carimbó e tocava em todas as festinhas de São João e Folclóricas, mas hoje ele tem grandes aliadas e todos conseguem fazer do Pará um Estado bem visto musicalmente e com características bem marcantes e inesquecíveis. Confesso que gosto mais deste ritmo tradicional do que o Calypso que foi popularmente divulgado pela banda homônima. Admiro o magnetismo deles, mas não é o meu tipo de música preferida. Gosto das tradições, da cultura popular, da voz marcada pelo tempo, como é o caso da Dona Onete.
Ela canta de forma simples, com sotaque brejeiro, sem maquiagens e cheia de talento. Seu desempenho no palco é bem representado, diversificado, florido, colorido e digno do seu legado.
Que bom...
Novidades musicais, pessoas antigas, talento renovado...
