Quando fotografei este barco, num dia de forte neblina, pensei imediatamente na solidão, pois estava dessa forma e contemplando o mar com toda a sua plenitude. Os momentos mais frutíferos da nossa vida são os que paramos para pensar e analisar os nossos atos, contando com a solidão para nos auxiliar ainda mais, nos fazendo perceber o que a mente cheia não permite.
Precisamos limpar a imaginação de tantas perturbações que ocorrem diariamente e que são grandes meios de saturação, nos fazendo ficar cansados e com muito esgotamento físico. Eu gosto dos meus momentos de solidão, pois neles me encontro com mais facilidade, descubro ideias que antes não tive e ajusto situações que ficaram mal resolvidas na minha vida. Precisamos de momentos de vazio para encher os nossos pensamentos de coisas novas, pois o acúmulo de situações não favorece ninguém e termina fazendo com que muitas ações erradas sejam tomadas, devido a grande mistura de atos praticados e não renovados.
Todo mundo precisa de um tempo só seu, de um espaço onde podemos pensar melhor sobre a vida, fazer algumas atividades sem preocupação alguma e também sem ter que ficar nos lembrando das regras do cotidiano, que são muitas e comprometem o nosso destino de formas nem sempre sadias.
É bom acordar e não ter hora, sair andando sem rumo, esquecer que temos compromissos ou quem sabe vestir a roupa mais velha que temos por saber que a nossa solidão não vai nos cobrar nada mais elaborado. Estamos vivendo o caos nas nossas vidas e se não pararmos para ajustar os nossos momentos de vez em quando, ficaremos sem chances de enxergar o melhor para os nossos destinos, onde um pensamento saudável e sem interferências vale mais que mil situações da nossa vida agitada e nem sempre produtiva.
A neblina que cobre o nosso pensamento pode revelar bem mais do que imaginamos e isso é bem fácil de ser obtido, bastando que tenhamos um pouco de cautela para navegar nesses mares cada dia mais revoltos e cheios de marés complicadas.
"A solidão é fera, solidão devora. É amiga das horas, prima irmã do tempo.
E faz nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração..."
Alceu Valença