quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Xanhas Carnavalescas

Após o carnaval é sempre a mesma história...
Doenças de todos os tipos aparecem; algumas passageiras, outras mais duradouras. Os excessos dos dias de folia reverberam em muitos outros problemas e fazem com que as pessoas fiquem doentes de tudo: viroses, gripe, conjuntivite, esgotamento físico, insolação, dores no corpo, contusões, diarreia e tantas outras mazelas. É muita Zika junta...
Os alimentos que foram servidos nos pontos de animação nem sempre eram saudáveis e bem preparados e, conjugados com outros fatores, terminam levando o nosso corpo a um colapso de sensações, nos deixando um pouco desaminados e sem muita disposição para aproveitar os dias de trabalho que sucedem o carnaval e que são necessários para a nossa existência e sustento.
Nos dias de festa gastamos tudo que tínhamos: dinheiro, saúde, energia, perdemos o sono e deixamos o pudor de lado usando as mais variadas fantasias e expondo o nosso corpo ao frio, calor e demais agentes contaminadores.
Vi muitas aberrações no carnaval e a maioria delas estava relacionada à alimentação, pois a forma desorganizada como tudo era preparado fazia com que o risco de doenças aumentasse ainda mais e comprometesse a saúde de todos.
A bebida em excesso também era detalhe muito fácil de ser observado e muitos passavam mal pelo simples fato de esquecerem de hidratar o seu corpo, pensando que somente a cerveja era necessária e indispensável para matar a sede. 
Em Olinda e Recife sempre encontrávamos locais mais organizados, lotados, ainda disponíveis. A maioria, infelizmente, ainda eram compostos por barracas improvisadas que vendiam os temíveis "espetinhos de salmoura e sol", o ofensivo "camarão comeu morreu" ou quem sabe o matador "cachorro quente completíssimo". As especiarias do carnaval eram preparadas em locais inadequados, sem limpeza alguma e o que fazia as pessoas passarem da morte era a salvação divina que abençoava os intestinos e aparelhos digestivos menos preparados.
Eu fiquei na água e nos pequenos lanches. Não tive coragem de maiores extravagâncias e ainda consegui chegar bem na quarta-feira de cinzas, quando um terrível esgotamento físico me consumiu e me fez dormir feito um anjo.
Quando acordei, a sensação era de não ter dormido nada e isso era reflexo do cansaço dos dias de folia, embora tenha aproveitado da minha forma básica: mais olhando que pulando.
Imagino quem se jogou com tudo na festa, pois os reflexos devem estar terríveis e as sensações nada boas. As xanhas carnavalescas não param de surgir e cada pessoa que converso me conta um sintoma diferente. 
Reflexos da popularidade...
Muita gente reunida dá nisso. O contato e a troca de informações (literalmente) nos faz acumular mais do que precisávamos. 
E vamos vivendo...
Uns melhores, outros ruins, mas todos vivos. 
No carnaval ninguém reclama de nada, mas quando as obrigações começam a chegar, as queixas são muitas. É muito mais fácil brincar que trabalhar, não é mesmo?

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