O Morro do Castelo foi o nosso desafio no segundo dia de caminhadas pelo Vale do Pati e a nossa localização estratégica ajudou um pouco no nosso deslocamento, pois a casa de Dona Léa fica aos pés do local e tivemos que nos preocupar somente com a subida que foi desgastante e com muita lama.
Na noite anterior choveu um pouco, mas a umidade e vegetação fechada do local fez com que a terra ficasse muito úmida, dificultando a nossa escalada que teve momentos bem difíceis, mas de pura contemplação, pois aos poucos a paisagem foi se modificando e nos mostrando o espaço que tanto desejávamos encontrar.
Fazer trilha em locais planos é muito bom, mas subir montanhas não é nada fácil e a resistência termina sendo um fator de grande importância para o sucesso do passeio. A vegetação que encontramos era bem variada e de lá pudemos notar com mais intensidade a grande quantidade de samambaias que tomaram conta do Vale do Pati e hoje são consideradas uma verdadeira praga para a vegetação nativa, a qual termina sufocada por este tipo de planta rasteira e predadora.
Ao chegar no topo do Morro do Castelo, tivemos que atravessar uma caverna para ter acesso ao mirante e a escuridão fez parte da nossa trajetória, sendo necessário o uso de lanternas, além do cuidado em dobro para ultrapassar as grandes pedras que faziam parte da paisagem local. Encontramos no local uma nascente de água e para minha surpresa não vi nenhum morcego por lá, algo que é bem característico nestes espaços fechados. Andar em cavernas não é nada agradável, mesmo para quem não tem problemas com claustrofobia, mas seguimos em frente e não deixamos que a nossa força fosse abalada. Só acho ruim quando o espaço vai ficando apertado, o que não ocorreu nesta caverna, a qual tinha uma boa altura e evitava a sensação de estarmos sendo engolidos pela terra.
Do outro lado da caverna, ainda tivemos algumas dificuldades para ultrapassar até finalmente chegarmos ao mirante do Morro do Castelo, um belo local que possibilita uma visão panorâmica do Vale do Pati e faz com que tenhamos uma perspectiva diferente de uma paisagem já conhecida.
Paramos um pouco para contemplação e lanche e depois descemos em direção a nossa casa de apoio. Neste momento, a dificuldade foi bem mais leve, mas todo cuidado era pouco para evitarmos os temíveis escorregões que a lama nos proporcionava. Foi neste dia que voltei para casa com a calça toda rasgada, pois o esforço no sobe e desce de ladeiras fez com que a vestimenta velha e já surrada pelas trilhas anteriores ficasse frágil, causando a sua aposentadoria. Foi uma honra para ela se aposentar num local tão belo e quando a observei no final da caminhada, pensei: cumpriu o seu papel.
No final da caminhada tomei banho um córrego de um rio e a água gelada serviu para afastar um pouco o calor que sentia e que expulsou totalmente o frio que nos acompanhou no início da caminhada, pois quando iniciamos a nossa jornada a neblina era a nossa companheira mais fiel.
Esta trilha é linda, porém não recomendo para aqueles que possuem fobia por lugares fechados, escaladas e alturas demasiadas, já que em alguns momentos a sensação é de muito medo e isso pode atrapalhar a aventura dos mais agoniados.
Missão cumprida e parada para um caldo de cana com suco e abacaxi. Delícia servida com muita simplicidade por um dos moradores do Vale do Pati e não poderia terminar o dia de uma forma melhor.
A nossa próxima caminhada será para o Vale do Cachoeirão e já imagino as belas imagens que iremos ver...
Parabéns Breno ! Imagino o deslumbramento numa trilha como esta !
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