A Chapada Diamantina foi um sonho antigo que realizei em 2011 quando visitei os principais pontos turísticos do parque nacional, mas quando saí de lá ficou a nítida impressão que deveria voltar outras vezes para conhecer outros espaços e comprovar ainda mais a beleza rústica da área que tem várias cidades englobadas nas suas limitações. Foi o que fiz no mês de julho, no período das minhas férias.
Desta vez escolhi o Vale do Pati e passei 05 dias exclusivamente no local, conhecendo suas belezas e entendendo melhor o que faz aquele universo paralelo ser tão belo. No último dia fui visitar novamente a Cachoeira do Buracão e confirmei que a grandiosidade da natureza é algo que jamais pode ser medido, pois quanto mais a desvendamos, mais ela nos surpreende.
No primeiro dia que cheguei por lá, fui de Salvador para a cidade de Palmeiras, numa viagem de 07 horas de ônibus, numa estrada movimentada e muito ruim em alguns trechos, pois a quantidade de buracos fazia da trajetória algo muito perigoso e tenso. Mas tudo bem, pois ainda fiquei no lucro e só gastei 12 horas, a partir do Recife, para chegar até o meu destino final. O que era isso para quem já passou 23 horas viajando em outra oportunidade, quando fiz todo o trajeto de carro e não utilizei o avião para encurtar o caminho.
Na pequena cidade de Palmeiras encontrei o guia que havia contratado para me orientar durante os dias no Vale do Pati e confesso que não poderia ter escolhido pessoa melhor, já que a atenção e prestatividade foram as marcas registradas do "meu anjo da guarda" na Chapada Diamantina. O Edwilson ou "Lé" é uma pessoa simples, calma e que nos ajuda muito durante todos os caminhos, nos dando dicas e fazendo com que o passeio não seja apenas uma caminhada, mas uma boa aula de informação sobre tudo que encontramos. Ele fala sobre tudo e as curiosidades e comentários sobre botânica terminam sendo um atrativo maior na sua atuação como guia.
Iniciamos nossa jornada pelo Povoado do Guiné e o primeiro desafio foi subir a Serra do Beco, que tem caminhada longa e já num primeiro momento serve para testar a nossa resistência e confiança na trilha, pois passamos um bom tempo escalando uma montanha, onde as calçadas de pedras, da época da extração do café, são as companheiras mais fieis e muitas vezes nos ajudam a seguir em frente, evitando a lama que geralmente é bem mais presente nestes locais elevados.
Falando em lama, foi o que encontramos na segunda parte da caminhada, pois os Gerais do Rio Preto trazem este detalhe da natureza em grande quantidade e a facilidade da caminhada num terreno mais plano tem um grande desafio, que é se manter de pé diante de tantas ensopadas e alagadas áreas.
Chegamos ao Mirante da Rampa, que é a porta de entrada do Vale do Pati, e de onde podemos ter uma visão abrangente do espaço, fazendo com que o cansaço acumulado seja logo esquecido, dando espaço para a contemplação e deslumbramento, já que palavras e imagens jamais podem descrever o que nossos olhos conseguem ver em vários tons de verde, contando com diversas sombras solares para deixar a paisagem ainda mais bela.
Descemos o Mirante da Rampa e seguimos em direção a cada da Dona Léa, que foi a nossa anfitriã no local. Mulher simples, de atitudes comedidas, mas fortes, que acolhe a todos, preparando o alimento necessário para revigorar as forças perdidas nas longas caminhadas. Neste primeiro dia foi que pude comprovar o "dialeto" falado pelos moradores da cada de Dona Léa, pois a forma brejeira de se expressarem e de engolirem as letras, faz com que o entendimento de muitas conversas seja difícil e termine nos deixando com uma sensação estranha por estarmos num local tão mágico e cheio de diferenças.
Nesta noite a casa estava vazia e os únicos visitantes eram eu, Edwilson e Bernard, que foi um novo integrante do nosso grupo. Alemão, mas que atualmente reside na Austrália. Aliás, esta é uma das características do Vale do Pati: A variedade de línguas.
É difícil encontrarmos brasileiros e a maioria dos visitantes são de outros países. Uma boa oportunidade para praticar o inglês enferrujado e para conhecer um pouco dos costumes que cada povo tem. O banho foi difícil, pois a água estava geladíssima, quase impraticável, mas encarei e espantei o restinho da gripe que ainda habitava o meu corpo. Foi com o ar puro do Pati que pude novamente respirar aliviado e a saudável comida do local fizeram minha imunidade aumentar e sanar todas as minhas fraquezas.
Fomos dormir cedo, com um entardecer lindo e noite cheia de estrelas e já nos preparando para o desafio do segundo dia, que era o temível e admirável Morro do Castelo.
Algumas imagens do primeiro dia no Vale do Pati...
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