Hoje cedo quando fui caminhar, vi uma mulher na rua com uma bicicleta e o que mais me chamou a atenção não foi ela estar empurrando a bicicleta ao invés de pedalar, mas a grande diversidade de informações que ela levava consigo, seja na roupa ou na própria bicicleta, que era equipada com porta água, luzes piscantes, buzina, retrovisor, faixas reflexivas e tudo mais que tinha direito e as lojas de equipamentos vendem.
A ciclista de ocasião estava com a indumentária completa e tudo dava a impressão de que ela não estava só pedalando, mas sim participando de uma competição. Usava capacete com luzes, camisa de manga longa, calça contra atrito e sapatos especiais.
Eu logo me lembrei dos meus tempos de criança quando estava aprendendo a andar de bicicleta e também de alguns anos atrás, quando a febre dos artigos esportivos não era tão forte e as pessoas se preocupavam menos com os detalhes, dando mais ênfase ao exercício de fato.
A roupa que usamos muitas vezes para a prática dos exercícios até ajuda na nossa capacidade e treino, mas também nos deixa pouco à vontade e nos faz perder o contato direto com o que há de mais importante, que é a diversão.
Voltando à minha fase infantil...
Eu lembrei das quedas que levava e como não tinha proteção alguma, exceto a Divina, para resguardar todos os meus ossos e fazer com que a morte não chegasse mais cedo, devido ao modo totalmente desprovido de praticar esportes e de curtir a vida com muita intensidade.
Se eu fosse ficar com marcas profundas dos tombos que levei, certamente estaria parecendo uma colcha de retalhos, pois se teve alguém que caiu andando de bicicleta fui eu. Lembro do dia que estava ensinando um amigo a andar de bicicleta, inclusive ele já morreu por outro tipo de acidente. Mas isso é outra história...
Ele nunca tinha andando em uma e eu simplesmente disse a ele no começo da minha rua:
Desça e se equilibre que você aprende.
Até aí tudo bem, mas o detalhe era que a minha rua era uma ladeira e não tinha calçamento algum naquela época. Eu fiquei esperando ele no final da rua e dei sinal para ele descer. Já sabem o que aconteceu, não foi?
Ele começou a cair no meio do caminho e quando chegou em baixo eu tive que deixar a poeira baixar para poder localizá-lo naquela que parecia ser a triste trajetória de uma criança brincalhona. Quando ele se levantou, todo sujo de terra e com muitos arranhões pelo corpo, simplesmente me disse:
Breno, é difícil mesmo andar.
Eu ria de me acabar e ainda mais porque a bicicleta não era nem nossa. Era do vizinho e ele estava aos berros, gritando e dizendo que a bicicleta dele não prestava mais. Deixa de drama que ela presta, eu disse.
E prestou mesmo.
No outro dia estávamos lá, firmes se fortes, inclusive o vizinho chorão, cheios de hematomas, mas determinados a andar de bicicleta. Aprendi e até hoje não levei mais nenhuma queda grave.
O que queria mostrar com esta história é a mudança de comportamento que as pessoas hoje assumem para realizarem seus exercícios físicos e terminam encarando a prática como um evento para aparecer com a fantasia da moda ou talvez para fazer pose no espelho da academia quando o intuito seria malhar pesado e criar uns músculos a mais. Já vi pessoas deixarem de praticar algum esporte simples, como a bicicleta ou caminhada, porque acham que não possuem a roupa adequada.
No meu tempo, roupa de academia era aquela furadinha e sambada que a gente usava em casa e a bicicleta andava do mesmo jeito sem que precisasse passar por um "recall" da moda. No máximo um lameiro ou uma buzina e olhe lá... Já era frescura demais.
Em algumas situações, claro, a parafernália é até necessária, mas em outras é totalmente dispensável e termina só comprometendo o nosso contato com o que realmente interessa, que é o bem estar e a natureza, já que em muitos casos tais exercícios são realizados ao ar livre.
Acho válido usar o adequado, sem excessos, pois tudo que está demasiadamente empregado na nossa vida termina nos causando um mal danado e fazendo com que a nossa efetiva satisfação não seja conseguida, causando um furo tremendo no nosso bolso e não permitindo que tenhamos realidade dos nossos atos, pois estaremos dando mais valor ao acessório do que ao esporte de fato.
Faça a sua prática esportiva com segurança e já estará cumprindo o seu papel.
As gordurinhas agradecem...
PS - A bicicleta da foto não foi a que narrei na publicação. Só tinha esta foto no meu arquivo e como falei de caminhada e pedalada, ela une as duas práticas, já que está na areia e descansando enquanto a sua dona se refresca no mar. Imagina se ela tivesse usado toda aquela roupa?
Até ela conseguir tirar, a maré já tinha subido.
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