Recife viveu hoje mais um dia de alagamentos, tormentos e muitos atrasos, pois quem dependia do trânsito, para chegar até os seus trabalhos e compromissos, sofreu muito com o reflexo da chuva que começou na madrugada e ficou bem presente durante todo o dia, inundando as principais vias de acesso da cidade e mostrando o nosso total despreparo para receber o inverno. Não é de hoje que a cidade passa por isso, mas notamos que com o acúmulo de carros nas ruas e crescimento da população, a situação tem se agravado e feito com que muitas dores de cabeça fossem geradas, já que suportar tamanha agonia não é nada fácil.
Sair de casa e não saber como voltar é muito ruim, ainda mais para quem mora em áreas de alagamento e que ficam com o movimento comprometido e sem chances de melhoria. Como se não bastasse o incômodo de ficar molhado andando na chuva, temos que ter cuidado para dirigir ou quem sabe evitar um banho dos carros mais afoitos ou brincar de campo minado com os buracos que ficam escondidos em meio a tanta água e lama.
Em alguns lugares até os carros maiores possuem dificuldade para trafegar e nesses dias a felicidade reside em não molhar o pé na água suja dos esgotos por onde circulam ratos de todas as espécies. Amanhã já começaremos a sentir o cheiro de morte exalando nas ruas, pois os diversos tipos de habitantes do submundo das cidades morrem afogados e geram um odor terrível na ruas.
O lixo jogado por todos os lugares, sem discriminação nenhuma, sem pena da população inconsciente, gera outros danos maiores, já que a água não circula e compromete todo o sistema sanitário da cidade que já é precário e termina ficando ainda mais ineficiente.
Até os torcedores dos Estados Unidos sofreram com a situação, pois quando largaram na estação do metrô do aeroporto, vindos do mundo tão tão distante da Arena Pernambuco, se depararam com a falta de ônibus e atrasos nas poucas linhas que ainda circulavam. O resultado foi um monte de turistas andando pelas ruas, meio perdidos e sem saber como se comportar com tanta chuva. Era uma cena até engraçada se não fosse trágica.
Alguns estavam até fantasiados, mas todos tinham algo em comum: estavam encharcados.
Trágico mesmo é não saber a hora que vamos chegar em casa, como iremos enfrentar o trânsito e se teremos algum contratempo nessa aventura aquática que envolve muitas sereias, tubarões e deixa as piabas sem assistência alguma.
É o caos, a lama e a falta de organização eterna de uma cidade que não aprende nunca com os seus erros e termina sempre padecendo dos mesmos males e decepções. A chuva não tem culpa nenhuma, pois a época é dela. Culpados somos nós que não criamos meios de sobreviver com ela de uma maneira mais confortável e menos agoniante.
E olhe que dia de São Pedro ainda nem chegou...
Como diziam na minha terra: "Fecha as torneiras do céu, São Pedro..."
Recife está afogada na sua própria desordem e tem como aliada a falta de educação da população que usa as ruas como lixão e com isso comprometem a circulação da água que não encontra lugar e termina, por desaforo, tomando os nossos espaços.
É uma briga sem fim e cheia de desastres.
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