Essas são algumas frases que escutamos diariamente no metrô do Recife, pois agora ele deixou de ser meio de transporte para servir de abrigo de vendedores ambulantes, já que de tudo é comercializado um pouco, digo, muito, em grandes quantidades.
Os vendedores entram nos vagões com malas enormes carregadas de água, refrigerantes, salgadinhos, caça palavras, paçocas, pipocas, fones de ouvido, CD, DVD e muitos outros itens. Quando eles aparecem com as suas bagagens, pensamos até que são pessoas que estão viajando, mas eis que a surpresa acontece e eles terminam mostrando suas reais intenções, que é vender e circular de um lado para outro, atrapalhando o precário conforto das pessoas e causando um grande impacto sonoro, já que na ânsia de vender, cada um que grite mais que o outro.
Além dos vendedores, temos também uma legião de pessoas que utilizam os vagões para outros fins, como pedir esmolas e mostrar a todos as suas doenças, como se já não fosse o bastante estarmos num local apertado e fedorento, pois se tem uma coisa que as pessoas não fazem é tomar banho e logo cedo o cheio de suor impera em todos os ambientes.
Outro dia um homem passou com uma perna cheia de feridas dentro do vagão, em locais que ficava complicado respirar, quanto mais andar. Fiquei imaginando como ele conseguia, pois numa situação daquelas eu procuraria evitar a sujeira das ruas para não inflamar ainda mais o problema. Ele estava ali e terminava criando um mal estar em todos que seguiam viagem, já que era complicado ficar observando toda aquela nojeira na volta para casa.
Como comer um salgadinho diante disso?
Talvez fosse melhor tomar um pouco de água para passar o enjoo, mas o vendedor já estava em outro local, gritando e pedindo passagem.
As proibições são muitas para os usuários do metrô, mas todas elas são descumpridas e aos poucos as estações e vagões estão se tornando uma extensão do centro da cidade, que a cada dia está mais invadido por camelôs, os quais tiram o local de passagem dos pedestres.
Algo deve ser feito e o metrô precisa de dias melhores.
Entendo a necessidade de todos em ganhar a vida honestamente, mas critérios de uso dos locais públicos devem ser preservados, porque se continuar da forma como está, teremos que ir a pé para os nossos compromissos e deixar os vagões com os vendedores, mendigos, pastores e demais tipos que circulam diariamente por aí.
Nos ônibus isso era uma prática constante, mas diminuiu muito, embora a proibição seja clara para todos em avisos que ficam afixados nos coletivos. Isso não funciona nos metrôs, pois mesmo com os avisos, há o descumprimento e a fiscalização inexiste, fazendo com que a cada estação tenhamos uma surpresa e a certeza de que este meio de transporte é uma terra de ninguém, deixando de cumprir o seu papel social para ajudar os cidadãos na difícil tarefa de ir e vir nas grandes cidades, que sempre tem o seu trânsito piorado de todas as formas.
E aí, vai querer água ou pipoca?
Eu quero jujuba que é mais doce e posso mastigar com mais serenidade, já que determinadas coisas são difíceis de engolir.
Paciência, paciência...
1, 2, 3, 4, 5, 6...
Ajudem-me a contar até 10, pois não estou conseguindo.
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