Turista que é turista se veste de forma misturada, nada combinando, e com chapéu comprado nas ruas da cidade que está visitando. As mulheres ousam mais e colocam algumas flores ou conchas para enfeitar o chapéu. Turista verdadeiro tira foto com os personagens principais do local ou quem sabe nos painéis que deixam a cabeça viva e o corpo morto, estático, incompatível com o seu tamanho.
O turista come de tudo e não se preocupa com a dor de barriga que toda aquela mistura pode causar, uma vez que o mais importante é provar os doces e salgados, tudo de uma vez, que são oferecidos. Turista gasta com besteiras e compra lembrancinhas para todos os amigos, mesmo que eles não guardem com tanto carinho o mimo recebido e terminem esquecendo numa gaveta com a desculpa de não gostar da cor ou ser impedido pela religião de usar ou expor tal objeto.
Turista gosta de protetor solar. Muito protetor, sem espalhar direito, deixando aquela aparência engraçada, mas protegida dos raios que insistem em queimar as suas peles, geralmente brancas e vindas do exterior. Turista, especialmente aqueles que não possuem praia na sua cidade, tomam banho de mar a qualquer hora e fazem questão de ficar com uma marquinha bem vermelha, seja da sunga ou do biquini, que muitas vezes é comprado na cidade que visitam para dar um pouco mais de vivacidade ao momento, com todas as suas flores e cores no tecido.
Turista sabe dançar todos os ritmos, do samba ao frevo, passando pelo maracatu e terminando no tango. O engraçado é que ele aprende tudo em segundos e basta um olhar rápido para estar dominando, ou quase isso, todas as manifestações culturais da região.
Turista também gosta de tirar foto de tudo, de oferecer ajuda quando vê alguém em apuros, pelo simples motivo de se sentir mais integrado ao contexto e de ter a sensação boa de estar fazendo parte daquele momento, muitas vezes único nas suas vidas. Antes o turista era tido como rico, mas hoje o turista está mais popular e os pacotes turísticos, parcelados em muitas vezes, possibilitam a visita cada vez maior de pessoas em locais que antes somente os mais abastados financeiramente podiam conferir.
Turista gosta de variedades, de camisas florais, de chapéus de palha, de comidas exóticas, de praia, de gastar...
Certas vezes me vejo assim: turista dentro da minha própria cidade.
Já fui parado várias vezes por vendedores que me confundiram com um visitante de longe, mas o sotaque inconfundível acabou com toda a impressão e vi, nitidamente, a decepção nos olhos deles. O ruim de ser confundido com um turista é que muitos tentam me vender os produtos com preços superfaturados, um mau costume de muitas cidades e que Recife não poderia estar isenta, já que nem todos os vendedores pensam na satisfação do visitante e sim no lucro desmedido, fazendo com que a variação de preços seja bem visível em alguns locais.
É bom ser turista e conhecer tudo de uma forma divertida, observadora e muito pitoresca, onde a preocupação não está no tempo e nem nos gastos, mas na satisfação de fazer parte de cada momento que nos é apresentado.
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