Quando passei pela Igreja da Candelária, vi a pintura na calçada que ilustra a chacina ocorrida em 1993 e que comoveu o País, devido ao ato de violência desmedida e que não teve muitas explicações, pois os policiais mataram as pessoas que residiam na rua sem piedade alguma, fazendo com que a vida fosse menor que qualquer outra coisa existente.
As lembranças ficaram e até hoje a igreja é lembrada negativamente. Eu estava caminhando no centro e pedi uma informação sobre a direção do local e uma senhora olhou para mim e disse: "É a igreja que mataram os meninos?"
A Candelária agora mudou de nome...
Assim mesmo é quando fazemos ações que nos fazem perder a identidade e sermos a partir deste momento qualificados pelas ações negativas que outrora realizamos. Lembrar o que fizemos de bom é bem mais difícil do que tirar da memória os atos negativos que foram concretizados e isso termina se transformando num carma que irá nos atormentar para o resto da vida.
Quantas vezes falamos de alguém pelo lado negativo que possuem e nem lembramos que alguma vez ele foi bom também e realizou ótimas ações? Vi um grupo de turistas mais interessados em tirar fotos no desenho da calçada e na cruz que está na frente da igreja, com o nome dos mortos, do que no seu interior, onde existe um belo acervo de arte sacra e mostra toda a beleza de um ponto turístico que é marco na cidade e ponto de referência para muitos sentidos obrigatórios.
A Candelária é só um exemplo, mas quantos de nós não ficamos marcados pelas ações mal resolvidas e que foram tomadas como padrão para toda uma vida. Será que isso vale a pena?
Certamente não...
As marcas que deixamos pela vida nem sempre são boas, mas foram necessárias em alguns momentos e cabe a nós analisar cada caso de forma organizada para evitarmos generalizações e conclusões precipitadas. Todos nós falhamos e não é por isso que deveremos ficar marcados para toda a eternidade de uma forma negativa e vermelha, chamando a atenção de tudo e todos.
Não somos a Candelária, somos gente e mudamos constantemente, inclusive para melhor...
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