sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O Eterno

Outro dia passava por uma feira de antiguidades e vi um monte de revistas em quadrinhos antigas e logo, de imediato, lembrei da minha mãe. Quando eu era criança, tinha um monte dessas revistas e foi a partir delas que despertei o gosto pela leitura e também pela criatividade, pois se percebermos bem, os livros nos mostram várias formas de ver o mundo e também de moldar os nossos atos diários, já que sempre encontraremos alguém falando o que é necessário para a nossa vida.
As revistas em quadrinhos foram essenciais na minha alfabetização, pois naquela época ficava de início devorando as imagens, entendendo o contexto para depois juntar as palavras e entender mais ainda a aventura que estava demonstrada pelo autor naquela obra tão simples, mas tão instrutiva. As cores, o imaginário, as travessuras despertaram a criança mais feliz que eu podia ter dentro de mim e fizeram com que até hoje eu tenha ótimas lembranças dessas leituras.
Hoje os jovens já nascem com os olhos vidrados na internet e as leituras mais interessantes são as que tratam de artistas e fofocas de pessoas famosas. Alguns não despertam interesse nem para isso e terminam ficando vazios e cheios de dificuldade para expressar sentimentos, assim como formalizar conversa com os mais variados tipos de pessoas.
Numa reunião simples de amigos, é mais interessante o uso do celular do que a conversa informal que todos nós deveríamos praticar mais. Cada vez mais as pessoas esquecem a leitura e fazem da sua banalização um instrumento grandioso para a proliferação de besteiras pelo mundo. Se todos buscassem usar a sua inteligência para o que é útil, certamente teriam ótimos resultados.
Na minha infância sempre tive muito presente as mais variadas formas de instrução e a leitura foi uma delas, o que me ajudou a corrigir os meus erros sem ter que devorar uma gramática inteira, conhecendo todas as suas regras e exceções. Uma atenção redobrada a um texto nos possibilita saber a conjugação certa, o uso das letras, vogais e terminações sem que a dúvida seja a maior característica dos nossos dias.
Naquela época não tínhamos as tecnologias de hoje e o aprendizado era mais difícil e exigia mais das pessoas, uma vez que nada dependia de um click ou de uma tela sensível ao toque. A internet não existia e a pesquisa nas bibliotecas eram a força necessária para que tivéssemos a paciência de ler, resumir e compreender um texto. Hoje um "Control C" + "Control V" resolvem tudo num instante, sem que tenhamos a curiosidade de ler nada. Nos apegamos ao título e pronto.
Estamos escrevendo e lendo pela metade, sem paciência para pensar e descobrir que os quadrinhos das nossas vidas nos mostram muitas situações interessantes e basta que tenhamos a vontade de nos tornarmos personagens mais conscientes e sempre buscando o aprofundamento na nossa língua. Se continuarmos desmerecendo a nossa língua e escrita, em pouco tempo poderemos encontrar a nossa literatura nos museus como fonte de informação esquecida e sem uso.

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