Andar de ônibus é uma tarefa complicada nos dias de hoje, pois agora não temos mais os "horários de pico" e toda hora há gente lotando os espaços e integrações de ônibus e metrô. Recife passa por isso todos os dias e o que mais nos deixa surpresos é perceber que a viagem é só um detalhe, pois as intervenções que presenciamos são muitas, sendo algumas engraçadas outras não.
Vim da cidade até o Cabo de Santo Agostinho de ônibus outro dia e numa só tacada encontrei várias pessoas engraçadas, realizando atitudes que poderiam ser evitadas para não colocar em risco o conforto das outras pessoas ou até mesmo a particularidade de cada um.
Vamos começar pela mãe que insistiu em dar "cascudos" nos filhos dentro do metrô, fazendo com que eles gritassem e ficassem causando um mal estar dentro do ambiente. O pior é que não era maldade e sim brincadeira entre eles. Ela dava "cascudos" neles todas as vezes que eles erravam uma pergunta que ela fazia a eles. A mãe era jovem, bem jovem e já tinha dois filhos. Estava, na verdade, brincando com eles.
Teve o caso da surfista e seu namorado que encostaram a prancha de surf no final do corredor e ficaram "sarrando" desesperadamente para todos verem a cena. Em determinados momentos o short dela subia tanto que aparecia parte da sua bunda. Os dois eram crianças crescidas e não preciso nem falar do volume que ficou na bermuda do rapaz, pois isso já é natural do ser humano e ele estava sendo excitado para isso. Naturalidades que poderiam ser feitas em locais mais apropriados.
Os vendedores de pipoca, salgadinhos e chocolates são um capítulo à parte desta viagem, pois os preços baixos dos produtos mostram muitas vezes itens vencidos e sem muita higiene, pois os saquinhos de pipoca ficam acomodados em outro saco maior, sujo e que se arrasta pelo chão constantemente.
Há os evangélicos que ficam cantando e vendendo produtos para ajudar aos drogados e também à igreja, mas há também os cantores de ocasião que com suas violas afinadas ou não entoam as mais diversas canções do imaginário popular, criando um ambiente sonorizado e confuso dentro do ônibus, uma espécie de "Lounge ao Contrário" onde a música lhe afeta e não lhe acalma.
A pior parte da viagem foi escutar um homem brigar com a ex namorada e dizer para ela que se ela gostasse mesmo dele teria esperado por ele e não o abandonado como fez. Depois da briga, quando ele desligou o telefone, ligou o celular com o som nas alturas e ficou escutando um brega "pega puta" e criando um ambiente "Lounge do Abandono" dentro do ônibus.
Como se não bastasse tantos sons, entrou um roqueiro com o seu celular ligado também, só que com um som mais pesado e com letras que só ele entendia. O ônibus ficou dividido em duas partes, a parte rock e a brega. Não dava para escutar uma ou outra, éramos obrigados a escutar as duas. Ambas de péssima qualidade.
Chegar na estação final do metrô foi um sufoco, mas pior ainda foi disputar as escadas lotadas e enfrentar as filas de espera pelos temidos ônibus tipo SEI (Sei Que Vou Sofrer). A realidade é dura para quem depende dos ônibus aqui no Recife e ainda mais porque as pessoas fazem dos locais verdadeiros celeiros de agonias e atividades, onde nem sempre o respeito ao próximo é a palavra da vez.
Ônibus coletivo se tornou sinônimo de agonia coletiva e uma simples viagem pode nos causar grandes transtornos e desconfortos jamais vistos. Daria uma bom tema para um filme ou documentário...
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