domingo, 27 de janeiro de 2013

Carestia

Nem sempre o que pagamos pelas coisas que compramos é o preço correto, justo, necessário. Há, na maioria das vezes, a exploração e a falta de noção das pessoas que estipulam os preços sem levar em consideração o real valor dos bens que estão disponíveis nos mais diversos exemplos de comércio que conhecemos. Não percebem eles que terminam gerando com isso uma inflação mascarada, onde o que vale não são os coeficientes econômicos e sim o olho gordo e a falta de discernimento para entender o que é isso ou aquilo, o que vale mais e o que vale menos.
Uma boa forma de percebermos isso é com o turismo, pois itens que encontramos baratinho no supermercado, terminam se tornando iguarias caríssimas nas ruas, sem que para isso algo novo fosse implementado para justificar o aumento de preços. Isso é notado nos refrigerantes, na água, na pipoca e numa infinidade de itens simples, vendidos por comerciantes e, principalmente, pelos ambulantes.
Ontem fui comprar uma pipoca na Praia do Jacaré, um ponto turístico na cidade de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa, e me deparei com um preço injusto para o tamanho do pacote. O vendedor queria que eu pagasse R$ 3,00 por um pacote que valia, no máximo, R$ 1,00. Proporcionalmente ele estava cobrando bem mais caro que os quiosques de cinema multiplex, que possuem pipocas igualmente caras. 
O turismo virou sinônimo de carestia e não é só este exemplo que encontramos porque o que mais percebemos por aí são preços altos e injustos. O reflexo disso são lojas vazias, pois ontem foi o que eu mais vi na Praia do Jacaré, embora o local estivesse lotado de visitantes. O que motivava isso era a falta de disposição das pessoas que não estavam com vontade de gastar mais por menos. Eu, particularmente, só gasto mais quando o produto justifica tanto.
Será que o período de alta estação tem que ser o momento de tirar o pé da lama e lucrar pelo ano todo? Errada essa situação, pois eu entendo que é melhor vender bem e sempre e não em determinadas épocas do ano, passando os demais em situação ruim. Turismo existe em todas as épocas do ano e essa história de baixa ou alta estação é balela de gente que não tem o que fazer e fica inventando moda para inflacionar ainda mais a nossa vida que já é tão explorada indevidamente.
Vi camisetas de malha ontem no mesmo local por preços caros e loja estava entregue às moscas. As tapiocarias que mais vendiam eram as mais baratas e as que cobravam um pouco mais estavam sem clientes e pondo em risco o lucro que tanto desejam e buscam desenfreadamente.
Até o saxofonista que toca no horário do pôr do sol, agora se limita a ficar na área onde os bares e restaurantes cobram courvet artístico de R$ 7,00 só para que o visitante possa escutar mais de perto o som ruim que está sendo emitido da apresentação do artista. Aquele espetáculo deveria ser público, com contrato municipal para o artista, pois antes da satisfação particular, está a pública, que é a maioria que visita o local e enche os bolsos dos diversos estabelecimentos comerciais que ali existem.
Carestia com a nossa cara de palhaço não existe. Vamos ser mais cautelosos nos gastos que forçaremos os preços a caírem vertiginosamente, favorecendo não só o nosso bolso mas a imagem dos pontos turísticos que o Brasil possui e que muitas vezes se tornam mais caros do que os similares de outros países. Depois ninguém entende porque tanta gente vai gastar dinheiro lá fora...

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