terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Persistência

Muitas vezes observo alguns evangélicos realizando trabalhos de louvor e leitura bíblica nas ruas do Recife e o que mais me chama a atenção é a persistência deles e a falta de interesse das pessoas em ouvir o que está sendo dito e o que intensifica esta sensação é a forma como eles abordam as pessoas e terminam criando uma imagem louca e transtornada de si mesmos, pois quando uma pessoa os observa tem a plena convicção que eles não são pastores e sim loucos.
Loucos, não por levarem o nome de Deus para as multidões, mas por realizarem um trabalho de forma aleatória, gritante e por muitas vezes irritante, já que escolhem os lugares mais movimentados e barulhentos para montarem suas caixas de som e realizar seus cultos que não possibilitam nenhuma audição correta do que realmente desejam passar.
Eles cantam, fazem leituras, gritam, mas ninguém entende nada, seja pela mistura de sons ou pela péssima qualidade da aparelhagem que levam consigo. Terminam não fazendo um trabalho eficaz e passam a imagem de alienados, quando deveriam ser vistos como pessoas iluminadas e que estejam comprometidas com a divulgação das palavras de Deus.
Outra coisa que me chama a atenção é a forma de se vestir, pois com o imenso calor que faz no Recife, eles ficam montados, de terno preto e gravata e terminam virando alegorias sem adaptação nenhuma à realidade que encontramos na rua. Esta fotografia que registrei no último domingo mostra um pouco disso, pois este homem cantava, gritava, apontava para as pessoas e ninguém dava importância, pois ele não parecia ser normal e os indícios de loucura eram mais visíveis do que os que geralmente encontramos nas pessoas que estão no mundo para nos orientar e nos dar um rumo, como deveria ser o caso dele.
Virou atração dos turistas que ficavam registrando fotos pitorescas e comentando entre si aquela visão tão diferenciada numa tarde de domingo, num local movimentado e cheio de pessoas de todas as crenças. Esse senhor ainda estava bem na fita e pior são os que ficam na Pracinha do Diário, já que fazem barulho de verdade e ninguém termina entendendo nada do que eles falam e cantam. Em meio às prostitutas que habitam o lugar, eles fazem a festa e todos que passam não compreendem se aquilo é um culto ou uma forma louca e sem sentido de exaltar o nome de Deus.
Todos nós temos nossas crenças e isso é bem característico de um país democrático como o nosso, mas a forma de realizar as nossas atividades deve ser vista e analisada para que não pareça loucura ou imposição forçada. A persistência deve existir na fé, na obediência à Deus e não nos devaneios e na forma exagerada de realizar algo tão bonito e que termina virando comédia nas mãos de pessoas despreparadas e que não entendem o seu papel verdadeiro dentro da religião que escolheram e terminam virando uma piada sem graça nenhuma.

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