quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Agonia pelo Luxo

Estava lendo algumas informações a respeito do Shopping RioMar e o que mais se fala é sobre as lojas exclusivas que estão chegando ao Recife, especialmente algumas do segmento mais luxuoso e que ainda não são comuns no Nordeste, ficando mais restritas ao Sudeste, especialmente São Paulo e Rio Janeiro.
O que é bom pensarmos é que já temos um shopping falido, que é o Paço Alfândega, que nasceu com a proposta de ser um espaço diferenciado e com lojas exclusivas e caras. Nasceu assim e morreu assim. Tudo que lá residia e que era luxuoso morreu, ficando algumas opções mais comuns e atualmente sustentado e ainda visitado devido a Livraria Cultura que lá está instalada e aos inúmeros eventos culturais que sedia. Se não fosse isso, estaria certamente fechado, pois não há muito movimento e até a praça de alimentação está com muitas operações fechadas.
Muita gente nem sabe da sua existência e conheço pessoas que nunca foram lá, pois já sabem que tudo é caro.
Não precisamos de um shopping de luxo, exclusivo, caro. Precisamos de opções de compra, de todos os tipos, para todos os públicos. As pessoas ficam torcendo o nariz para a C&A, Riachuelo, Marisa, Lojas Americanas e Renner, mas esquecem que o seu bolso só tem potencial para este tipo de compra e qualquer outra aquisição em locais mais caros, gerará um endividamento sem limites e não terá cartão que aguente.
Falam que teremos uma Louis Vuitton, uma Miu Miu, uma Prada, mas confesso que este não será o padrão do público que frequentará o shopping. Para que ter lojas do tipo se as chances delas vingarem são mínimas e tudo isso por um simples motivo: o preço. A maioria das pessoas que vai ao shopping espera produtos convidativos, mas também preços bons. Eu sou um desses. Detesto gastar muito, até porque percebo que o valor está na marca e não no produto, pois encontramos similares no mercado de qualidade superior e com preço bem abaixo dos que são cobrados pelas marcas tão famosas.
As Casas Bahia abriu as portas no RioMar com anúncios de grandes promoções que logo foram maculadas pelos altos juros cobrados no parcelamento. Só era barato se fosse comprado à vista e isso é o problema de muita gente, já que a grande maioria da população só compra no crédito e ter dinheiro disponível é quase uma afronta.
As reclamações eram muitas e várias pessoas ficaram decepcionadas com a loja que anunciava ofertas há anos sem mesmo ter uma unidade na cidade. Foi barrada pelas que já conhecemos, que ofertaram produtos e preços competitivos.
As reportagens e artigos disponíveis na internet terminam sendo chatas e irritantes e tudo isso porque as pessoas ficam sonhando e anunciando lojas que nem foram negociadas pelo shopping e que em nenhum momento foram anunciadas por elas mesmas. Não significa, porém, que o Recife não possua potencial para ter lojas luxuosas, mas imaginar um centro de compras daquele tamanho com a maioria das lojas voltadas para este segmento é o mesmo que ter uma paranóia e ficar imaginando coisas que não existem.
Precisávamos de um shopping daquele tamanho, pois a cidade estava saturada com os que já possuía e que não comportavam a demanda de pessoas que diariamente circulavam e compravam nas antigas opções que tínhamos. Hoje temos algo mais, um grande empreendimento, com 476 lojas e muitas novidades. Espero que ele permaneça popular e possa atender a todos, uma vez que a grande maioria da população vai ao shopping para realizar muitas atividades e não só para comprar roupas, bolsas e sapatos caros. Todos os centros que buscarem na mistura o seu sucesso, terão melhores chances de se desenvolver e de manter o índice de vacância perto do zero. Não precisamos de shoppings elitizados, precisamos de centros de compras comuns e atrativos para todos. As pessoas gostam do luxo, mas muitos possuem este prazer somente como sonho de consumo e que está bem distante da realidade de cada um de nós.
Bom mesmo é comprar barato, nas promoções, com um preço justo. O shopping das madames e da burguesia está lá, no Recife Antigo, mofando e esperando clientes cada vez mais ausentes e fazendo com que meia dúzia de lojas ainda permaneça aberta. Quem tem grana realmente para comprar, vai as lojas exclusivas que não estão nos shoppings, pois um cento de compras com tanta movimentação é também uma afronta para um público que se acha tão exclusivo e, portanto, inacessível.
Gosto do Shopping Recife porque tem de tudo, das lojas mais simples às mais caras. Espero que o RioMar seja assim também e não caia na falácia das pessoas que só conhecem as bolsas da Louis Vuitton pela foto nas revistas ou nas reportagens das revistas de moda e ficam sonhando em um dia passar pela frente e apreciar os modelitos disponíveis, porque comprar são outros quinhentos, mil, milhares...
É de popularidade que precisamos, pois é este detalhe que sustenta qualquer empreendimento voltado para a grande maioria da população. Exclusividade não está nos shoppings do Recife, isso é fato. Imaginar quer tenhamos uma filial do Shopping Cidade Jardim no bairro do Pina é, no mínimo, utópico, irreal. Cair na realidade é bem melhor que ficar falando besteiras.

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