quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Doce, Azedo, Picante e Amargo...

Alguns sabores que encontramos na feira livre são tão diferentes que nos colocam para pensar de onde surgiram e como a nossa natureza é rica de especiarias, raízes, folhas e outros elementos que podem dar um toque diferente num alimento ou até curar algumas doenças que surgem no nosso corpo. Andando um pouco pelas feiras livres, encontramos de tudo e cada item pode suprir muitas das nossas necessidades, sejam elas alimentícias ou espirituais.
É incrível a variedade de situações que encontramos nestes lugares e no Recife não poderia ser diferente, pois um passeio pelas redondezas do Mercado de São José nos proporciona grandes atrativos, sejam eles com cara de fruta, ervas, raízes, imagens, objetos, minerais, serviços, artesanato e muitas outras coisinhas que podem fazer o bem e mal, dependendo da utilidade que destinarmos.
Quando estava andando pelo centro, recebi vários anúncios de políticos, mas o que estava disputando com eles eram os anúncios das cartomantes, mães e pais de santo que por ali existem e que prometem realizar de tudo, inclusive fechar o corpo do homem. 
Fechar o Corpo = Proteger dos Males.
Isso é reflexo das inúmeras barracas que vendem utensílios para realização de rituais do candomblé e também para oferendas aos orixás de devoção. Encontramos enxofre, sal grosso, pimenta vermelha, rosas amarelas, rosas brancas, rosas vermelhas, búzios e imagens dos mais diversos orixás, sendo Iemanjá e Oxum as mais queridas.
O brasileiro é bem misturado nos aspectos da alimentação e da religião e de alguma forma eles se misturam, principalmente nas religiões de origem africana, quando geralmente as celebrações são realizadas com muita comida, como forma de agradecimento e oferenda.
Outra coisa que me chamou a atenção é a imensa variedade de frutas, verduras, peixes e carnes. Tudo com o preço similar ao do supermercado e com a higiene bem abaixo dos padrões necessários, pois a maioria fica exposta ao sol e sem refrigeração alguma. Mesmo assim as pessoas compram que é uma beleza. Outra febre é a venda de produtos que estão perto de vencer e neste rol encontramos até iogurte sendo vendido nas ruas sem o menor acondicionamento térmico. Um perigo mortal para os intestinos mais frágeis.
Eu gosto do centro da cidade para passear, para ver as situações ou para comprar alguma oportunidade surgida durante o passeio, mas não tenho paciência de ficar pesquisando coisas para comprar, já que o calor infernal e o desconforto das ruas cheias nos dá uma sensação de que não vale muito a pena sair para fazer feira e ainda ter a agonia de transportar tudo para casa. Quem mora pertinho, tudo bem, mas para quem tem que se deslocar para outros bairros, não vale a pena. Os estacionamentos não existem e fica muito complicado ir e vir naquelas ruas estreitas e lotadas de situações que as deixam ainda mais pequenas e intransitáveis. 
Gosto de observar tudo, pois é incrível as possibilidades que são criadas ali. Podemos tratar de vários assuntos, captar várias imagens e passar o dia todo andando que ainda não teremos condições de fazer uma análise detalhada do local. Seremos um grão de areia num mundo de possibilidades.
Mesmo assim, o passeio é interessantíssimo para quem vai com os olhos dispostos a conhecer o mundo e com ele descobrir muitos significados e variações de cores, texturas e sabores.

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