Fico triste quando passo por alguns lugares e percebo a deterioração de espaços que antes foram grandiosos e criaram história em muitas cidades. Se formos perceber temos vários exemplos aqui no Recife e no centro da cidade isso se trona mais visível, nos prédios históricos que encontramos por lá. O que nos alegra é perceber que alguns deles estão sendo restaurados e outros já abrigam espaços renovados e disponíveis para o público em forma de espaços culturais, lojas ou centros de conveniência.
Quando estava visitando o Rio de Janeiro, o que mais me chamou a atenção foi o estado de calamidade que muitos prédios da Lapa se encontram e na Floresta da Tijuca vi algo que me deixou triste, pois o Hotel das Paineiras, que já foi uma grande hospedaria de pessoas famosas, estava completamente abandonada e entregue ao desgaste do tempo, pois já está há quase 30 anos sem utilização e totalmente entregue à ação do tempo e dos vândalos.
Aqui no Recife, temos o Espaço Chanteclair que está em fase final de acabamento, após mais de 10 anos de reforma. O que antes era um prostíbulo de luxo, hoje será um centro cultural e que muito encantará os Recifenses e visitantes de várias partes do Brasil. O projeto do novo Porto do Recife, onde vários galpões desativados serão restaurados, é uma das mudanças que irão ocorrer em breve e já teve o seu passo inicial com a entrega da Central de Artesanato de Pernambuco e em Breve do Museu dedicado à Luís Gonzaga.
Voltando ao Rio de Janeiro, fico imaginando como aquele hotel abandonado que vi era grandioso e como podemos perceber na sua arquitetura toda a sua grandiosidade e beleza, num local com vista privilegiada e com grandes atrativos naturais, bem próximo a uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor.
Abandonar as cidades e os espaços históricos que elas possuem é algo ruim e quem perde são os seus habitantes que terminam vendo grandes patrimônios sendo depredados ou vendidos para grandes empresas do ramo imobiliário que nem sempre preservam a construção original, achando melhor demolir e colocar no local prédios que nada lembram os mais antigos.
O Cais José Estelita está passando por isso, pois o espaço dos galpões foi comprado por duas grandes construtoras que irão edificar uma série de prédios, alterando uma das imagens mais bonitas que o Recife tem. Agora é tarde para chorar sobre o que deveria ter sido feito e entendo que a Prefeitura e Governo do Estado deveriam ter se antecipado e adquirido o local para construção de um grande parque dedicado ao povo e, assim, ter suprido o Recife com um espaço adequado e propício para o lazer. Seria maravilhoso ter aquela visão por toda a nossa vida, mas ela já tem data para acabar e a construção dos grandes edifícios está mais próxima do que nunca.
Abandonar é bem diferente de preservar e talvez seja esta distinção que as pessoas ainda não captaram e por isso estamos padecendo destes problemas tão costumeiros nas grandes cidades históricas do Brasil. A nossa memória fica comprometida e desta forma acabamos perdendo o que tínhamos de mais lindo e pitoresco para visitação e conhecimento da nossa história.
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