Não adianta usarmos palavras difíceis, falar bonito e de assuntos que não são conhecidos dos nossos semelhantes e interlocutores, pois isso se tornará um trabalho árduo, sem frutos e cheio de arestas. Temos que comer farofa com feijão ou manjar dos deuses de acordo com a ocasião e não por mera boniteza e alucinação.
Nada vale ficarmos blasfemando palavras para os incrédulos, sem eles nem sabem o significado disso e se acham somente "inguinorantes", nem que para escrever tal blasfêmia tenhamos que usar mais letras e até abusar um pouco das nossas cordas vocais que já se acostumaram a falar outra palavra, correta e bem mais fácil de ser escrita.
A sensação de impotência é terrível quando falamos algo para uma pessoa e escutamos ou um silêncio abissal ou uma pergunta desencontrada mostrando que o entendimento não foi completo e que na verdade o que há são interrogações, se é que eles também conhecem este sinal gráfico.
Ontem eu quase vi uma briga entre duas pessoas porque um deles fez uma pergunta e o outro, por desconhecer o significado, ficou irritado e retrucou de forma grosseira e nitidamente sem educação. Aliás, educação é o que falta a maioria das pessoas que nem sequer sabem ler ou compreender o que geralmente falamos ou escrevemos e terminam ficando estrangeiros da sua própria língua e parecendo analfabetos melhorados num mundo que exige muito mais do que isso.
Trabalho com pessoas, com recursos humanos, com gente de todos os tipos. Em algumas situações notamos grandes diferenças, mas é justamente quando eles nos procuram para pedir demissão é que percebemos a falta de uma educação adequada e básica, já quem nem sabem o que escrever num papel em branco. Algumas vezes a dificuldade não é de pedir demissão mas de escrever o que a mente deles está tentando sem sucesso enviar para as suas mãos trêmulas e sem capacidade suficiente de formalizar um pensamento, um desejo.
Uma vez o meu primo, já grande, homem feito, me pediu para escrever uma carta para a namorada dele e neste caso notei que existiam as duas dificuldades, de pensar e de escrever, pois nem saber o que colocar no papel ele sabia. É uma vergonha uma situação dessas e começo a acreditar que o meu tio, como pai, não fez o papel dele adequadamente.
Não vamos deixar somente nas mãos do Estado e Municípios o compromisso com a educação, mas em nós mesmo, pois as oportunidades existem e temos que ir ao encontro delas e com isso conseguir acumular nas nossas mentes o conhecimento necessário para termos uma vida em sociedade mais justa e com mais dignidade.
Entender a vida e todos os seus significados é obrigação do homem compromissado com ele mesmo e com o seu futuro. O que pode uma pessoa sem este apego esperar da vida? Que até o fim da sua vida as pessoas estejam ali, ditando e escrevendo as suas lamentações ou desejos?
O homem precisa bem mais que isso.
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