Hoje fui para o enterro de um amigo que morreu e passou dois dias para ser descoberto. O médico legista acredita que ele morreu na sexta-feira, dia 27/07, mas o seu corpo só foi encontrado pela sua irmã dois dias depois, já com mal cheiro. Ele morava sozinho e teve um ataque fulminante do coração. Era uma pessoa jovem e tinha, apenas, 47 anos.
A solidão de quem mora sozinho às vezes nos dá estas surpresas, pois num dado momento podemos adoecer, passar mal e não ter ninguém para socorrer. Foi o que aconteceu com ele. Sentiram falta dele na sexta, mas como às vezes ele viajava com a namorada nos finais de semana, deixaram para lá e não se preocuparam. No domingo a namorada dele ligou para a família e perguntou por ele, pois já tinha ido no apartamento, chamado e ninguém respondeu. Foi quando se deram conta de que algo estava errado, pois o celular não atendia e os vizinhos não sabiam nada.
Resolveram abrir o apartamento e o encontraram morto, no quarto, com o celular na mão. Acredito que ele ainda tentou ligar para alguém, mas a morte veio mais rápido e não deixou que ele tivesse essa atitude.
Morar sozinho é muito bom, exceto por este detalhe.
Quando estamos doentes, a necessidade de ter alguém por perto para um socorro é muito importante e pode ajudar muito. Hoje fomos para o IML esperar a liberação do corpo, após o exame tanatoscópico e a sensação pior que vi nos olhos dos familiares foi não poder ver o irmão no último momento, de despedida.
A única irmã que o viu foi no interior do IML e para reconhecer o corpo, que segundo ela estava desfigurado, muito inchado e irreconhecível.
Foi uma morte de surpresa, pois ele estava bem e não se queixava de nada. Mas quando a morte vem ela geralmente não anuncia e já chega com o seu aspecto sombrio e triste, colocando todos para baixo e fazendo com que todos tenham muitas reflexões da vida e também das lembranças que viveram com o defunto.
A dor é irreparável, mas temos que aceitar.
Eu tinha pouco contato com ele, mas fiquei refletindo e pensando nos seus momentos finais, sozinho e sem ninguém para ajudar. Talvez se fosse em outro momento, quando ele ainda morava com a irmã, o corpo pudesse ter sido encontrado ainda em bom estado e todos poderiam se despedir melhor dele e não ficar somente com a lembrança do que ele foi.
Que vá em paz e descanse no reino eterno...
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