segunda-feira, 4 de junho de 2012

Agonia e Pânico

Vou chamar carinhosamente de Agonia e Pânico os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, pois neste final de semana passei uma boa parte do meu tempo nestes dois locais fazendo os intermináveis embarques, desembarques e aguardando os vôos atrasados que são mais constantes do que as nossas piscadas de olhos. As filas são intermináveis, as pistas parecem um estádio onde irá acontecer em breve um show de um artista famoso, os ônibus que transportam os viajantes são mais cheios que o CDU-CAXANGÁ-BOA VIAGEM em dia de praia, os aviões se misturam com as malas e o barulho dos carros que auxiliam toda esta logística é ensurdecedor. São muitas situações diferenciadas, mas em alguns momentos é até bonito de ser ver toda aquela agitação, pois é o instante em que encontramos num mesmo pátio os mais variados tipos de aviões, vindos de diversos países e trazendo gente de tudo que é raça. 
De repente encontramos alguém falando alemão, japoneses brigando, coreanos agitados por terem perdido a noção do tempo e não saberem onde estão, crianças correndo para todos os lados, restaurantes que não dão conta da demanda e gente que se deita no chão por falta de espaço nas cadeiras.
Os notebooks e tablets são a febre mais alta deste mundão tão cheio de situações, pois nos momentos de folga, digo, de espera, acessar a internet ou jogar algum aplicativo é a forma mais confortável de esquecer tudo aquilo que acontece.
A comida é ruim, mal preparada, cara e apressada, pois engolimos cada pedaço pensando e olhando para os enormes painéis distribuídos nos salões e já esperando a voz da locutora dizendo: "Vôo 3456 com destino ao Recife, última chamada, embarque imediato pelo portão 1". Os aeroportos demonstram um pouco como é a loucura da cidade de São Paulo, que de tão grande e complicada se tornou referência em tudo e acumula grandes diferenciais para o mundo e também para o Brasil.
Do mesmo jeito que encontramos pessoas bem vestidas, encontramos mochileiros, quase mendigos, profissionais e pessoas que vivem na ponte aérea resolvendo seus problemas e também vivendo. A área de embarque para o Rio de Janeiro é quase um suicídio e deixa qualquer cristão de cabelo em pé e cheio de neuras.
Lojas caras e baratas se misturam nos corredores do Aero Shopping que de tão caro tem pouco movimento, já que muita gente nem olha para as vitrines, exceto os turistas que sempre buscam uma lembrancinha para levar para o seu País ou Estado de origem.
O pior não poderia me acontecer e tive que sair de Guarulhos e pegar outro avião em Congonhas, que é menor porém com movimento de feira e cheio de complicações para tudo. 
Quando voltei ao Recife e entrei no nosso Aeroporto, me senti no céu. Era tudo mais largo, mais iluminado, mais sofisticado, mais organizado, mais sadio. Temos um lindo aeroporto e dos que já vi por aí, não tem como comparar a nossa magnitude e conservação, pois enquanto aqui podemos nos ver no brilho do chão, nesses outros mundos distantes, na maior cidade do Brasil, o máximo que podemos esperar é cair de cansaço num local que não dorme e nem acorda, só vegeta.
Mas é a partir dessa grande agonia que grande parte do Brasil acontece e disso não podemos nos isentar. 

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