domingo, 8 de maio de 2011

A Fábrica do Poema

Tenho por princípios nunca fechar portas...
Mas, como mantê-las abertas, o tempo todo, se em certos dias o vento quer derrubar tudo?
( Sudoeste - Adriana Calcanhotto )

Eu dizia: Apareça
Quando apareceu, não esperava.
Curto as coisas que acendem e apagam... e se acendem novamente em vão...
Será que a gente é louco ou lúcido, quando quer que tudo vire música?
( Bagatelas - Adriana Calcanhotto )

Sonho um poema de arquitetura ideal. Tornei-me perito em extrair faíscas das trilhas e leite das pedras.
Sob que máscara retornará o recalcado?
( A Fábrica do Poema - Adriana Calcanhotto )

Adriana Calcanhotto é para mim uma das mais completas artistas do nosso Brasil, pois ela consegue fazer várias atividades nos seus trabalhos e sempre todas elas remetem ao que é mais belo na música, que é a poesia.
Hoje acordei com vontade de escutar um CD que tenho há tempos, que é "A Fábrica do Poema", pois este é o trabalho onde a artista exercita o seu lado mais poético e nos mostra realmente a bela harmonia entre todos os fatores que fazem uma bela música, que são a rima, o ritmo, a letra e poesia.
É bom escutar este álbum sem compromisso com o tempo e, assim, ir desfrutando cada melodia de forma curiosa e com atenção aos pequenos detalhes que cada uma delas nos proporciona.
A poesia deve estar nas nossas vidas sempre, pois se vivermos somente de realidade a nossa mente não irá aguentar e certamente ficaremos num momento de grande tormenta, já que não seremos capazes de entender o sentido da vida através das palavras que os grandes intelectuais e artistas nos proporcionam. Engana-se quem pensa que a poesia só é possível se for feita por pessoas inteligentes e saibam que pessoas simples podem, sim, nos dar grandes lições e ensinamentos.
Ontem fui a um funeral de um amigo da família, Sr. Antônio, e me lá lembrei de uma situação que ocorreu há muito tempo, quando ele morava no seu sítio, aqui perto de Garanhuns.
Nossa família foi convidada para almoçar na cada dele e quando chegamos, notei que todos chamavam sua esposa de "Izabé" ao invés de "Izabel". Eu, criança ainda, fiquei apreensivo e observando tudo até que notei que a minha mãe também estava chamando aquela senhora de "Izabé". Prontamente fui falar com minha mãe para tomar satisfações daquele erro e ela com toda a calma e poesia no olhar me disse:
"Meu filho, eu sei que o nome dela é "Izabel", mas se eu a chamar por este nome, que é diferente do que todos chamam, eles se sentirão diminuídos. A visita somos nós"
Prontamente me calei e notei a sabedoria das palavras da minha mãe, que me mostrou o sentido da igualdade e da humildade, quando algumas vezes temos que descer alguns degraus para poder ter um nível de entendimento com os nossos semelhantes. Isso se chama respeito.
Era com essa história pequena que queria homenagear minha mãe, que é poesia pura...
Feliz Dia das Mães, dona Leda.
O nome dela é Maria Zuleide, mas como todos a chamam assim, não vou mudar...
Aprendi a lição.

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